Igreja é acusada de racismo após proibir penteados afro

A Igreja Pentecostal Deus é Amor (IPDA) gerou revolta ao divulgar um comunicado que proibia o uso de penteados afro entre seus fiéis. A medida, que fazia parte de uma série de orientações sobre comportamento e aparência, foi considerada racista e levou o Movimento Negro Evangélico a registrar uma denúncia no Ministério Público de São Paulo.

O documento, enviado no início de dezembro, também restringia roupas consideradas sensuais, maquiagem, cortes de cabelo para mulheres e até barbas para homens. Quem não seguisse as regras poderia ser impedido de participar das atividades da igreja. A justificativa apresentada pela IPDA era “reforçar uma caminhada cristã à luz da Palavra de Deus”.

A reação foi imediata. Para Jackson Augusto, coordenador do Movimento Negro Evangélico, a atitude é inaceitável “não podemos mais tolerar que a Bíblia seja usada para justificar racismo. Esse tipo de prática já causou muito sofrimento ao longo da história e precisa acabar”.

O movimento protocolou uma notícia-crime citando a Lei do Racismo e destacou como medidas como essa atingem diretamente a identidade negra. Segundo José Vitor, coordenador de Incidência Política do Movimento, a denúncia vai além de um caso isolado “não se trata só dessa igreja. Infelizmente, sabemos que práticas parecidas acontecem em outras instituições. Precisamos expor isso e estabelecer limites claros“.

Diante da repercussão, a IPDA voltou atrás e afirmou que a proibição do penteado afro “não está mais valendo”. Em nota, declarou que repudia qualquer tipo de discriminação e que está apurando como o comunicado foi divulgado, alegando que ele não reflete os valores da igreja.

Ainda assim, o caso levantou uma discussão importante sobre racismo dentro das igrejas evangélicas e o impacto de discursos religiosos na vida dos fiéis negros. Para muitos, é um momento de refletir sobre como essas instituições podem acolher a diversidade e respeitar as identidades de todos.

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