Revista Raça Brasil

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Rede de apoio fortalece atrizes negras no audiovisual

Iniciativa parte de dores comuns — como a sensação de insuficiência e estagnação na carreira — e propõe rede de apoio e escuta entre mulheres negras no audiovisual.


“Se esforçar ao triplo e ainda assim se sentir insuficiente.”
“Se questionar o tempo todo se é o racismo falando.”
“Se sentir perdida, sem oportunidades reais de crescimento.”

Essas são frases que não cabem nos discursos meritocráticos sobre sucesso, mas fazem parte da rotina emocional de muitas atrizes negras no Brasil. Foi a partir dessas dores que a atriz Indira Nascimento — conhecida por seu trabalho em novelas da TV Globo e no teatro — anunciou, nas suas redes sociais, a criação de um grupo fechado voltado exclusivamente para atrizes negras que desejam trocar experiências, encontrar acolhimento e se fortalecer.

Indira destacou que, mesmo com talento, entrega e coragem, a sensação de estar presa sob um teto invisível ainda é uma realidade para muitas mulheres negras no audiovisual. “Essas dores não são individuais. São estruturais. E o primeiro passo para transformá-las é olhar pra elas com coragem”, escreveu.

A atriz relembrou o quanto é comum, entre atrizes negras, o sentimento de não pertencimento, mesmo estando em cena. “A maioria de nós cresceu ouvindo que precisava se esforçar o triplo. Ser boa, ser grata, ser forte. Mas isso não tem impedido a dor de se sentir travada, invisibilizada, sozinha.”

O grupo proposto por Indira Nascimento não é apenas um espaço de desabafo, mas também de ação. A ideia é criar uma rede de apoio mútua, que possa discutir caminhos para ampliar as oportunidades reais de desenvolvimento profissional, enfrentar as armadilhas do racismo estrutural na indústria e, sobretudo, reafirmar o valor e a potência de cada mulher preta em cena.

A iniciativa surge em um momento em que o debate sobre representatividade no audiovisual brasileiro ganha força, mas ainda esbarra em barreiras profundas, como a escassez de protagonistas negras, roteiros estereotipados e a ausência de mulheres negras nos bastidores de decisão.

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