Intervenção policial pode chegar a matar um negro a cada 4 horas
Uma pesquisa feita pela Rede de Observatórios da Segurança mostrou que, em 2023, a cada 4 horas, uma pessoa negra morreu em intervenções policiais em nove estados do Brasil. No total, foram registradas 4.025 mortes, e 2.782 dessas vítimas eram negras, o que equivale a quase 90% dos casos onde a cor ou a raça foi identificada.
Embora o número total de mortes tenha diminuído um pouco em comparação a 2022, o perfil das vítimas continua o mesmo, a maioria esmagadora é negra. Além disso, houve 856 casos sem registro de raça, o que pode significar que o número de vítimas negras é ainda maior do que o relatado.
A Bahia foi o estado com mais mortes: 1.702 no total, sendo 1.321 de pessoas negras, o que representa 94,6% dos casos. O Rio de Janeiro e São Paulo também aparecem com números altos, com 690 e 321 vítimas negras, respectivamente.
Outro dado preocupante é que 243 dessas vítimas eram crianças e adolescentes. Isso mostra que muitas famílias ainda vivem sem o apoio de políticas públicas capazes de proteger os mais jovens.
O estudo, chamado “Pele Alvo: mortes que revelam um padrão”, reflete como o racismo está presente nas instituições públicas, como a polícia. Pablo Nunes, coordenador da pesquisa, explica que os negros estão desproporcionalmente entre as vítimas, mesmo nos estados onde são minoria da população.
Além disso, ele aponta que essa violência prejudica todos, incluindo os próprios policiais, que muitas vezes também são negros e acabam sendo parte de um sistema que perpetua esse ciclo de violência.