Já preparou seu planejamento financeiro para 2023?
Dina Prates é contadora e administradora de formação, mestre em sociologia e estudou a trajetória de empreendedoras negras em Porto Alegre. Ela atua com educação financeira há 5 anos e luta para tornar
esse conhecimento mais acessível para pessoas negras e periféricas.
Unindo seus conhecimentos sobre finanças e o recorte racial, Dina Prates entendeu que era preciso levar em conta os aspectos relacionais e os contextos sociais em que a maioria de nós está inserida.
“NA VERDADE, O NOSSO PRINCIPAL DESAFIO ENQUANTO PESSOAS NEGRAS ERA TER ACESSO A UM CONHECIMENTO DE EDUCAÇÃO FINANCEIRA, QUE NÃO FOSSE SÓ ESSE CONHECIMENTO TRADICIONAL QUE NOS MANDASSE ECONOMIZAR, GUARDAR DINHEIRO, CORTAR 50% DOS GASTOS PORQUE AS NOSSAS REALIDADES ERAM DIFERENTES. COMO QUE TU FALAS ISSO PARA UMA PESSOA QUE TEM UMA FAMÍLIA, QUE RECEBE UM SALÁRIO MÍNIMO E QUE TEM 10 PESSOAS PARA SUSTENTAR COM ESSE VALOR? É UMA REALIDADE TOTALMENTE DIFERENTE DO QUE AS PESSOAS ESTÃO ACOSTUMADAS A TRABALHAR, MUITAS VEZES, NA EDUCAÇÃO FINANCEIRA TRADICIONAL”, explica.
Dina conta que durante o mestrado criou um curso de educação financeira sob medida para atender às especificidades do povo preto.
Para Dina : No final de 2018, início de 2019, eu já tinha entrado no mestrado e criei um curso de educação financeira que se chama UJAMAA, trazendo conceitos que a gente ia analisar, como a nossa história enquanto pessoas negras, entendendo o processo, quais os efeitos da escravidão na nossa vida e na nossa relação com dinheiro, também o que a escravidão influenciou em termos de acesso ao patrimônio.
E foi construindo isso, que construí um conceito que eu chamo de “educação financeira comunitária”, que é ensinar para as pessoas que a educação financeira tem que estar baseada em três eixos principais:
1-A nossa comunidade, que é entender quem divide o percurso com a gente, quem usufrui dos nossos recursos financeiros de conhecimento, com quem que a gente partilha.
2-O segundo eixo é pensar os nossos recursos para além dos recursos financeiros, que são os nossos conhecimentos, nossas vivências, nossas redes de contato, todo mundo que apoia nosso trabalho e nos ajuda a construir projetos. E também entendendo o empreendedorismo como um dos nossos recursos. Então esse processo de pensar os nossos recursos vai muito além de pensar o dinheiro, mas toda essa rede de conhecimento que está colocada, essa história, esse legado que está correndo.
3-E, por último, um dos maiores desafios, muitas vezes, para pessoas negras começarem a se organizar, é conseguir se projetar, saber onde a gente pode chegar, o que a gente pode construir.
FONTE: REVISTA RAÇA