Em setembro de 2023, Jojo Todynho anunciou que iria retirar sua música Arrasou Viado das plataformas digitais. O motivo, segundo ela, era uma mudança de posicionamento pessoal e político. Mais de um ano depois, a faixa segue disponível no YouTube e no Spotify, contrariando a promessa feita pela própria artista.
A canção, lançada em 2018, nasceu como um agradecimento ao público LGBTQIA+, que abraçou Jojo desde o início de sua carreira. O clipe oficial acumula mais de 11 milhões de visualizações e traz a cantora com a bandeira da diversidade, pedindo respeito.
Na época, Jojo declarou:
“Ninguém é obrigado a gostar de ninguém, mas respeitar é dever de todos. Segunda-feira vou pedir a suspensão e tirar das plataformas digitais.”
O pedido, no entanto, nunca se concretizou. E aqui surge a reflexão: até que ponto a música deixou de ser apenas da artista e passou a ser do público que a transformou em símbolo de representatividade?
Mesmo afirmando que nunca quis “se aproveitar” da comunidade, a promessa de retirada levantou questionamentos sobre coerência, respeito à memória afetiva de quem se viu representado e sobre como artistas lidam com obras que marcaram diferentes fases da sua vida e da sua carreira.
Hoje, o que se vê é um contraste: de um lado, a decisão declarada de apagar uma parte do passado; do outro, a permanência da música que continua viva e disponível — talvez porque certas canções ultrapassem até mesmo a vontade de quem as criou.