Vinte anos depois de ver sua cidade natal, Nova Orleans, tomada pelo Furacão Katrina, o músico e ativista Jon Batiste encontrou na arte uma forma de transformar dor em esperança. Sua nova música, Petrichor, é um chamado contra a crise climática — mas em ritmo dançante.
“Como artista, é preciso assumir uma posição. É preciso unir as pessoas. O poder dos cidadãos pode transformar o mundo”, disse Batiste em entrevista à Covering Climate Now.
O título da canção significa “cheiro da terra depois da chuva”, aquela sensação de frescor que vem após um período de seca. Para Batiste, é a metáfora perfeita: um planeta em desequilíbrio, que precisa reencontrar o seu ritmo natural.
Apesar de repetir no refrão que “eles estão queimando o planeta”, Batiste prefere apostar na esperança. Ele acredita que as soluções já existem — como investir em energia limpa — e que a mudança depende apenas de escolhas coletivas. “Ninguém quer viver em um planeta sufocado. A maioria das pessoas já acredita em energia limpa, e isso me dá confiança de que podemos virar o jogo”, afirmou.
A faixa faz parte do álbum Big Money, que também fala sobre desigualdade social. Para Batiste, não é possível separar a crise climática da crise humana. “Vivemos no momento mais rico da história, mas ainda há pessoas sem água potável, sem comida, sem cuidados básicos. Essa desigualdade é também parte do problema”, explicou.
Criado em uma família de músicos e ativistas, Jon aprendeu desde cedo a lutar pelo que acredita. Sua mãe, Katherine, que trabalhou com projetos ambientais, esteve ao lado dele durante a entrevista. “Acreditamos na ciência”, reforçou ela, recebendo um sorriso cúmplice do filho.
O Katrina ainda é uma ferida aberta. A casa da família foi destruída, assim como tantas outras em Nova Orleans. “Perdemos tudo”, relembra Katherine. Para Jon, a tragédia foi mais do que pessoal: foi um aviso de que desastres climáticos podem acontecer em qualquer lugar.
Com Petrichor, Batiste transforma essa memória em música. Uma canção que mistura dor, esperança e ação. “A Terra é a nossa casa comum”, disse, citando o Papa Francisco. “E cabe a nós cuidar dela.”