Revista Raça Brasil

Compartilhe

Jonathan Ferr leva o jazz brasileiro a outro nível com emoção e inovação

De vez em quando, um artista aparece para mudar o rumo das coisas — e, no Brasil, Jonathan Ferr é um desses nomes. Pianista carioca, nascido e criado em Madureira, ele vem transformando o jazz em algo mais próximo, urbano e espiritual. Sua criação, o urban jazz, mistura improviso e batidas, piano e autotune, ancestralidade e futuro. Um som que nasce da alma, mas fala direto com a rua.

Em uma conversa com a Rolling Stone, Ferr explicou o que o move:

“Eu sou pianista. Todo o restante que eu uso — autotune, voz, poema — é livre expressão desse lugar que começa a partir do piano.”

A relação dele com o instrumento começou cedo, ainda menino, no aconchego do lar. Ele se lembra das noites em que, aos sete anos, assistia com os pais ao programa Pianíssimo, apresentado por Pedrinho Mattar, na TV. “Ficávamos conversando e vendo esse programa, e eu ficava ali sentado com eles, recebendo o carinho dos dois, comendo uma pipoquinha ou uma pizza que meu pai fazia”, recorda.

Foi nesse ambiente de afeto que nasceu sua escuta sensível — o ponto de partida de uma jornada que mais tarde se tornaria espiritual.

Mas o encontro verdadeiro com o jazz aconteceu aos 18 anos, quando ouviu A Love Supreme (1965), de John Coltrane, pela primeira vez. “Quando deu play naquele saxofone visceral… falei: ‘Meu irmão, que viagem é essa?’ Um negócio transcendental que me levou para outras esferas.”

A partir daí, mergulhou fundo: Coltrane, Miles Davis, Herbie Hancock, Hermeto Pascoal, Azymuth — uma viagem sonora que uniu tradição, espiritualidade e negritude.

Jonathan também estudou formalmente, passando pela Escola de Música Villa-Lobos, no Rio. Ali, aprendeu teoria, regência, arranjo e orquestração — e consolidou um estilo que une técnica e alma. Um jazz livre, mas cheio de propósito.

A trilogia do amor: o começo de tudo

Em 2019, Ferr lançou Trilogia do Amor, seu primeiro álbum. O trabalho foi um divisor de águas — um manifesto em forma de música. Com participações de Donatinho, Alma Thomas e Mari Milani, o disco une piano, sintetizadores e vozes em uma viagem afrofuturista e espiritual.

Mais do que falar de romance, ele fala de energia, cura e revolução: “O amor que move o mundo é o que transcende o sentimentalismo”, explica Ferr.

Entre batidas eletrônicas e arranjos de cordas, Trilogia do Amor apresentou ao público o som que mudaria o jazz brasileiro. Um som de resistência e pertencimento. Um som que nasceu em Madureira — mas que, hoje, já fala com o mundo.

Publicidade

Open chat
Preciso de Ajuda
Olá 👋
Podemos te ajudar?