Jovelina pérola negra
Conheça a história de Jovelina pérola negra,artista que improvisava no samba
Texto: Oswaldo Faustino | Foto: Divulgação | Adaptação Web Sara Loup
A dona da voz estava furiosa com o dono daquele apartamento, o compositor e cantor Almir Guineto, que não havia lhe reservado convite para assistir ao show de lançamento do disco Perfume de Champanhe, no Canecão. Almir tentava acalmá-la: “Mas você é minha irmãzinha, ninguém vai te impedir de entrar. Quem vai ter a coragem de barrar a entrada de Jovelina Pérola Negra?”
O ano era 1987, tempo de vacas gordas para o samba, que estava adotando o codinome de pagode. Os improvisos de Jovelina no samba de partido alto são antológicos. Carioca do bairro de Botafogo, cresceu em Miguel Couto, distrito de Belford Roxo, divisa com Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense. Jamais escondeu as dificuldades de sua vida de mulher negra, que trabalhou como empregada doméstica, lavadeira e vendedora de linguiça.
Nas rodas dos bambas, porém, seu lenço de cabeça virava coroa. Rimava como poucos, acumulando sucessos, e brilhava como baiana da escola de samba Império Serrano. Inimiga da injustiça, Jovelina era conhecida como uma mulher “muito brava” por moradores dos subúrbios da Pavuna, onde viveu, e da Pechincha, onde morreu aos 54 anos, vítima de enfarto, em 1998.
Deixou pegadas artísticas que jamais se apagarão e que estão sendo trilhadas por sua filha Cassiana e a neta Kamilla.Aos jovens amantes do samba, vai aqui uma lista de álbuns que não podem faltar em sua discoteca: Jovelina Pérola Negra e Raça brasileira (1985); Arte do encontro (1986); Luz do repente (1987); Sorriso aberto (1988); Amigos chegados (1989); Sangue bom (1991);Vou na fé (1993); Samba guerreiro (1996); e os lançamentos póstumos e antologias:Grandes sucessos e Pérola (2000); e Jovelina Pérola Negra duetos – É isso que eu mereço (2007).
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