De Realengo para o mundo, L7nnon sempre carregou a favela na voz e no coração. No rap, já conquistou milhões de ouvintes, pisou no palco do Rock in Rio e transformou vivências em versos que inspiram. Na TV, agora dá vida a Ryan, personagem que busca recomeçar em Dona de Mim. Mas foi no futebol que ele decidiu escrever um novo capítulo — um capítulo que mistura paixão, identidade e propósito.
O rapper acaba de se tornar sócio da SAF (Sociedade Anônima do Futebol) do Olaria Atlético Clube, um dos times mais tradicionais da Zona Norte do Rio. A decisão, aprovada por cerca de 80 sócios na última segunda-feira (5), une L7nnon ao ex-dirigente do Flamengo Marcos Braz e à empresa de marketing esportivo Ric’s na gestão do futebol do clube. Ao longo de 25 anos, o trio vai investir R$ 25 milhões para cuidar exclusivamente da área esportiva, incluindo o histórico estádio da Rua Bariri.
Mas, para L7, o negócio não se resume a cifras ou vitórias em campo. Criado na periferia, ele sabe o peso da representatividade. Quer usar o Olaria como vitrine para abrir portas e como ponte para projetos sociais voltados a jovens que, como ele um dia, sonham alto apesar das estatísticas.
— Quem fez eu chegar onde estou com as minhas músicas foi a favela: pessoas de pouco dinheiro e que são invisíveis — lembra. — Tirando uma minoria que se entrega ao crime, o resto da periferia são pessoas sonhadoras, com universos muito parecidos. Quando saímos da caixa que esperavam para a gente, nós incomodamos.
Entre versos e dribles, L7nnon quer mostrar que o jogo da vida pode ter outro final. E que, às vezes, o maior gol é devolver para a comunidade tudo aquilo que ela um dia te deu.