Lázaro Ramos estreia como diretor em Medida Provisória

Medida Provisória foi roteirizado com base na peça “Namínia, não!”, do ator e escritor baiano Aldri Anunciação – que também atua na obra. O texto conta a história dos primos André e Antônio – interpretados no cinema por Seu Jorge e Alfred Enoch –, que ficam confinados em casa, em um ato de resistência à medida provisória que determina essa “repatriação”.

 “A história desse filme começou em 2011, mas a base da história é de 2015. Na época, estávamos pensando em coisas que não gostaríamos que acontecessem no Brasil. Parte das coisas que ocorrem neste filme já aconteceram”, disse Lázaro Ramos, em fala ao público da pré-estreia.

Lázaro conta que a maior dificuldade para roteirizar e dirigir o texto de “Namínia, não” foi transformar e adaptar os elementos da peça para a linguagem do cinema.

“Pegar uma peça de teatro, com dois atores, que se passa dentro de um apartamento, e trazer essa quantidade de personagens e cenários. Foi um trabalho longo, de muita pesquisa, de muitas idas e vindas. Os primeiros tratamentos foram feitos pelo João Rodrigo Mattos, cineasta baiano. Depois o Aldri e eu começamos a escrever, mas o tom era muito teatral, que era a base do nosso conhecimento. Depois chega Elísio [Lopes Jr.], que também veio do teatro, e traz um outro aspecto, mas o filme ainda tinha cara de teatro. Aí chega o Lusa [Silvestre], que é um cara que eu admiro muito, porque fez filmes que brincam com linguagem”. 

A história contada pelo Medida Provisória vai além da casa de Antônio e André. Com um chamado forte à resistência, o filme também mostra em paralelo o desenrolar da vida de outras pessoas, que também tentam escapar do governo.

“Em um filme como o Medida Provisória, a gente tem a possibilidade de contar a história por trás da história, afinal de contas a gente tem uma base muito forte, que é a potência da cultura negra do nosso país. Os estudantes de cinema, inclusive, quando forem assistir vão ver que tem vários enquadramentos e às vezes tem uma coisinha ali no canto que está falando outra coisa. Quando se chega no núcleo de resistência, que você abre o quadro, tem fotos ali, músicas que tocam que têm mensagens também”.