Com a carreira em ascensão e celebrando o sucesso do álbum “CAJU” (2024), Liniker trouxe uma reflexão poderosa sobre o cenário da música pop no Brasil. Em entrevista ao podcast Segue o Som, do jornalista Pietro Reis, a artista falou sobre os filtros raciais e estéticos que ainda determinam quem é reconhecido como “pop” no país.
“Parece que só artista branca, loira, com milhões de seguidores é lida como pop no Brasil. Mas a travesti preta também é”, disse Liniker. Para ela, esse enquadramento reforça um racismo velado que insiste em limitar a diversidade no gênero. “Todo mundo que faz pop, enquanto pessoa preta, é colocado em subgêneros: afropop ou qualquer outra nomenclatura que serve para velar o racismo das pessoas”, completou.
A cantora, que em 2024 conquistou os principais prêmios da música brasileira – incluindo melhor artista pop e melhor lançamento pop no Prêmio da Música Brasileira, além de quatro troféus no Prêmio Multishow –, vê no reconhecimento um sinal de ruptura. “Entendi que meu som seria pop pela qualidade do que eu estava entregando, pelo investimento, pela sonoridade, pela inventividade. Mas também pelo pop de popular: uma música que toca no metrô, em casa, na academia, no samba, no casamento, que toca o coração das pessoas”, explicou.
Liniker reforça que, mesmo ampliando seu público, sua identidade segue inegociável: “Hoje eu não sou mais uma cantora que canto só para minha comunidade – ainda sendo da minha comunidade e defendendo nossos direitos. É saber que meu disco é escutado por pessoas brancas, pretas, indígenas, de todas as raças, gêneros e lugares. E isso, para mim, é popularizar o afeto”.
Com voz firme e presença marcante, Liniker segue não apenas rompendo barreiras na música, mas também ressignificando o que é ser pop no Brasil.