Revista Raça Brasil

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Dez livros para pensar a história da escravidão no Brasil

Obras escritas por autores brasileiros — de romances históricos a ensaios contemporâneos — revelam o protagonismo negro e os impactos da abolição inacabada

 

Para entender a complexidade do processo abolicionista e o protagonismo das pessoas negras antes e depois da Lei Áurea, reunimos dez livros fundamentais, escritos por autores brasileiros. Entre romances históricos, ensaios, investigações jornalísticas e biografias, as obras ajudam a refletir sobre o passado escravocrata do Brasil, os caminhos da resistência e as urgências do presente.

 

 

  1. Úrsula (1859), de Maria Firmina dos Reis
    Primeiro romance da literatura afro-brasileira, escrito por uma mulher negra. A obra denuncia a escravidão e apresenta personagens negros com voz própria e humanidade, rompendo com os padrões literários da época.

 

  1. Escritos de Liberdade: literatos negros, racismo e cidadania no Brasil oitocentista (2011), de Ana Flávia Magalhães Pinto
    A historiadora revela a atuação de intelectuais negros no século XIX, especialmente através da imprensa. A obra mostra como homens negros livres e libertos foram protagonistas da luta abolicionista e da construção da cidadania.

 

  1. O Mulato (1881), de Aluísio Azevedo
    Romance naturalista que critica o racismo e o conservadorismo religioso da sociedade maranhense. A história acompanha um jovem mestiço que sofre discriminação ao tentar se afirmar socialmente.

 

  1. Escravidão (2020), de Laurentino Gomes
    Primeiro volume de uma trilogia que investiga as raízes e os impactos da escravidão no Brasil. Com linguagem acessível e rigor histórico, a obra aborda o tráfico negreiro, o cotidiano da escravidão e a resistência negra.

 

  1. Um Defeito de Cor (2006), de Ana Maria Gonçalves
    Romance histórico que narra a trajetória de Kehinde, mulher africana escravizada trazida ao Brasil. A obra costura ficção e fatos históricos para abordar temas como racismo, ancestralidade e liberdade.

 

  1. Liberdade por um Fio: História dos Quilombos no Brasil, de João José Reis
    Obra fundamental sobre os quilombos como formas de resistência coletiva à escravidão. Traz um panorama histórico detalhado das comunidades quilombolas ao longo dos séculos.

 

  1. O Crime do Cais do Valongo (2022), de Eliana Alves Cruz
    Suspense histórico ambientado no Rio de Janeiro atual e colonial. O livro une investigação policial e memória ancestral, explorando as marcas da escravidão nas estruturas da cidade e na vida dos descendentes.

 

  1. Luís Gama: o advogado dos escravizados (2021), de Bruno Rodrigues de Lima
    Biografia acessível do maior abolicionista negro do Brasil. Ex-escravizado, Luís Gama atuou como advogado autodidata e libertou centenas de pessoas escravizadas por vias legais, tornando-se símbolo da resistência jurídica negra.

 

  1. O engenheiro abolicionista: Diários, artigos e cartas, 1883-1885, Hebe Mattos (org): O livro apresenta as cartas que André Rebouças escreveu a Joaquim Nabuco entre 1883-1885, que abrem o segundo volume de O engenheiro abolicionista. Elas iluminam a intensidade e o entusiasmo que animavam o engenheiro, e são seguidas pela transcrição de seu diário, de junho de 1884 a setembro de 1885. Rebouças acompanha toda a movimentação política, da subida ao poder do Ministério Dantas, aliado dos abolicionistas, até a queda deste e a total inversão dos significados políticos da proposta de lei de libertação dos sexagenários  

 

  1. Caramurus negros: a revolta dos escravos de Carrancas — Minas Gerais (1833), de Marcos Ferreira de Andrade (org): Em 13 de maio de 1833, ocorreu no sul de Minas Gerais a insurreição escrava mais sangrenta do Sudeste do Império, em que morreram 33 pessoas — 21 escravizados, 9 membros da família Junqueira, 1 agregado e 2 “pessoas de cor”. Conhecido como a Revolta de Carrancas, o episódio resultou na maior condenação coletiva de escravizados à pena de morte da história da escravidão no país. Caramurus negros: a revolta de escravos de Carrancas, é fruto de mais de trinta anos de pesquisa. O livro contém a transcrição de parte dos autos do processo-crime da revolta e um posfácio que evidencia como as elites regionais e o próprio Estado imperial lidaram com os rebeldes insurgentes, resultando na maior condenação coletiva da história do Império.

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