Revista Raça Brasil

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Loja em Salvador conecta histórias, cultura e empreendedores negros

Na correria do shopping, uma loja chama atenção não só pelo que vende, mas pelo que representa. Lá, cada produto tem nome, rosto e história. Quem entra na Afrocentrados Conceito, no Shopping Bela Vista, não encontra apenas itens de moda, decoração ou beleza — encontra pessoas. E encontra propósito.

A loja nasceu do coração de Cynthia Paixão, uma mulher negra, baiana, de 39 anos, que decidiu que crescer sozinha não fazia sentido. Começou com uma marca de moda praia e, quando viu que estava dando certo, abriu espaço para outras empreendedoras negras ocuparem junto com ela. Uma prateleira ficou para Cynthia, e as outras, para 13 marcas que também sonhavam alto.

Hoje, o espaço abriga cerca de 100 marcas autorais. São produtos feitos em pequena escala, com identidade afrobrasileira, qualidade e muito cuidado. E mais do que vender, a loja conecta: cada vendedor sabe a história de quem criou o que está ali. Comprar ali é saber pra onde o dinheiro está indo — e quem ele está ajudando a construir.

A loja cresceu rápido, e o plano é crescer mais: vem aí o e-commerce, com vendas para fora da Bahia e até fora do Brasil. “Estou estudando muito pra dar esse passo com segurança”, conta Cynthia, que nunca parou de buscar conhecimento, mesmo sem formação acadêmica. “Minha formação é da vida. E eu sou muito curiosa.”

Mas empreender, para ela e para a maioria dos negros no Brasil, não veio como escolha confortável. “Veio da dor, da necessidade de sobreviver”, diz. Os números confirmam: segundo o Sebrae, mais da metade dos donos de negócios no Brasil são negros. Mas, mesmo assim, ainda ganham muito menos que os brancos. No caso das mulheres negras, a diferença é ainda maior.

Mesmo com tantos desafios, Cynthia acredita no poder de transformar realidades — e tem feito isso todos os dias. A loja já gerou R$500 mil em receita só em 2024, e ela segue firme no propósito de mostrar que o empreendedorismo negro tem valor, tem qualidade e merece ser reconhecido como grife.

“Tem peça aqui de R$400 que é carro-chefe. Mas muita gente ainda acha que, por ser de preto, tem que ser barato. A gente está aqui pra mudar isso”, afirma.

Na Afrocentrados, cada produto conta uma história. E cada história, uma forma linda de resistir, prosperar — e avançar.

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