Revista Raça Brasil

Compartilhe

L’Oréal impulsiona mudanças no mercado de beleza com foco em consumidores negros

Você sabia que 91% dos consumidores negros já sofreram racismo no Brasil? Esse dado, por si só, já mostra o tamanho do problema — e o quanto é urgente falar sobre isso, inclusive nas empresas.

No último dia 7 de maio, aconteceu no Rio de Janeiro o Prêmio Sim à Igualdade Racial, realizado pelo Instituto Identidades do Brasil (ID_BR). A proposta é reconhecer quem tem se movimentado de verdade na luta contra o racismo e pela valorização das causas negras e indígenas.

Entre os premiados, a L’Oréal Brasil se destacou na categoria Comprometimento Racial, mostrando que diversidade não deve ser só pauta de marketing — precisa estar no coração da estratégia.

“Esse prêmio representa um caminho que temos trilhado com consistência. Ele simboliza um esforço coletivo e contínuo”, disse Edu Paiva, diretor de Diversidade, Equidade e Inclusão da L’Oréal Brasil.

Onde tudo começa: olhar para a história

A sede da L’Oréal no Brasil fica de frente para o Cais do Valongo, ponto histórico por onde milhões de africanos escravizados chegaram ao país. E isso não passa batido. Todos os funcionários que entram na empresa fazem um tour guiado pela Pequena África, ali na região do cais.

A ideia é simples, mas poderosa: olhar para a nossa história para entender onde estamos e como podemos construir um futuro mais justo.

“É sobre reconhecer o passado, entender o presente e construir o futuro”, resume Edu.

Diversidade que gera impacto real

Dentro da empresa, a pauta da diversidade não é tratada de forma isolada. Raça, gênero, pessoas com deficiência, LGBTQIAPN+ e gerações são temas integrados ao dia a dia dos times e às decisões do negócio.

“Toda mudança começa de dentro. Quando isso acontece, impacta tudo ao redor — desde os produtos até a forma como nos comunicamos com o mundo”, reforça Edu.

E o mercado de luxo? Também precisa mudar.

Muita gente ainda associa produtos de luxo a um público padrão: branco, rico, com uma estética específica. A L’Oréal decidiu mexer nisso com o programa AfroLuxo, que incentiva a presença de consumidores negros no universo da beleza de alto padrão.

Um dos resultados mais potentes desse programa foi o Código de Defesa do Consumidor Negro. Ele nasceu após uma pesquisa que mostrou aquilo que muitas pessoas negras já sentiam: o racismo está presente, mesmo quando ninguém diz nada.

“O racismo no Brasil é sofisticado, silencioso. A pesquisa ajuda a nomear aquilo que muitas vezes é vivido, mas não é dito”, afirma Edu.

Esse código traz 10 práticas que o varejo pode adotar para combater o racismo. Não é uma lei, mas é um chamado à consciência e à ação, especialmente no mercado de luxo.

Crescimento com propósito

Para a L’Oréal, falar de diversidade não é “modinha” nem ação pontual. Os resultados mostram isso: o crescimento acelerado da empresa nos últimos anos está diretamente ligado a essa aposta em inclusão.

“A brasilidade — com sua diversidade de tons de pele, tipos de cabelo, vivências — tem inspirado nossa forma de inovar, de se comunicar e até de criar novos produtos”, explica o executivo.

Um exemplo prático é a linha de protetores solares Anthelios Ultra Cover, que foi pensada para atender vários tons de pele — sem usar termos ultrapassados como “morena clara”. A criação é brasileira, feita em um centro de inovação da marca no Rio, e uniu saúde, beleza e representatividade.

Esse olhar mais amplo e humano rendeu à empresa o prêmio global Beauty of Inclusion Awards, também da L’Oréal.

Publicidade

Open chat
Preciso de Ajuda
Olá 👋
Podemos te ajudar?