Revista Raça Brasil

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Ludmilla ajusta turnê para conciliar carreira e maternidade

Ludmilla está prestes a iniciar uma nova fase em sua carreira e em sua vida pessoal. A cantora anunciou que vai adaptar toda a estrutura de seus shows para levar a filha Zuri, nascida de sua relação com Brunna Gonçalves, sempre por perto. A decisão não é apenas uma escolha pessoal, mas um gesto de afirmação em um país onde mulheres negras enfrentam, historicamente, grandes barreiras para conciliar maternidade e trabalho.

A cantora, que viveu uma turnê intensa durante a gestação, descreve esse período como uma “loucura linda”, marcada por emoções fortes e pela necessidade de apoio para seguir no ritmo profissional sem abrir mão do cuidado familiar. Agora, com a chegada da filha, Ludmilla deixa claro que não pretende escolher entre ser mãe e ser artista. “Tudo o que for preciso” — é assim que ela define os ajustes logísticos, mostrando que a maternidade não precisa ser incompatível com uma agenda internacional de shows, ensaios e gravações.

Essa atitude dialoga com uma realidade dura: mulheres negras no Brasil raramente têm a chance de ajustar seus trabalhos para estar mais próximas dos filhos. Dados sobre desigualdade de gênero e raça revelam que, enquanto mulheres brancas têm maior acesso a empregos formais e licença-maternidade, muitas mulheres negras ocupam postos informais ou precários, sem garantias de renda ou suporte durante a gravidez e após o parto. O resultado é uma sobrecarga que atravessa gerações e limita oportunidades de ascensão social.

Ao usar seu lugar de destaque na música para criar novas possibilidades, Ludmilla abre caminho simbólico para que outras mulheres sonhem com o mesmo — a maternidade vivida com presença, dignidade e estrutura. Ao invés de se distanciar da carreira por causa da filha, ela reforça a mensagem de que mães negras também têm o direito de estar com seus filhos sem sacrificar seus projetos profissionais.

Enquanto trabalha no próximo álbum, com foco no R&B e parcerias nos Estados Unidos, e se prepara para festivais internacionais como o AfroFuture, em Detroit, e o MUTHA, em Nova York, Ludmilla transforma a maternidade em uma extensão de sua arte e de sua narrativa pública. Não se trata apenas de uma escolha logística, mas de um ato político mostrar que mulheres negras podem ocupar os maiores palcos do mundo sem abrir mão de criar seus filhos com amor, cuidado e presença.

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