Luta contra o racismo será abordada pela Beija-Flor em 2021
Se houver carnaval em 2021 – a realização da festa popular ainda é dúvida e, caso haja, em quais condições será – a Beija-Flor de Nilópolis vai “enaltercer as glórias e as histórias dos negros”, sem deixar de abordar a luta contra o racismo. A agremiação azul e branco de Nilópolis, na Baixada Fluminense, lançou o título do enredo que vai apresentar no próximo carnaval: “Empretecer o pensamento é ouvir a voz da Beija-Flor”.
“Estamos vendo negros sendo massacrados pelo mundo. A Beija-Flor abordando esse tema merece os parabéns. Podemos até não ganhar, mas vamos dar um grito para que o mundo ouça e pense nas diferenças que existem entre os negros e os brancos. O racismo é medonho, sempre sofri na pele a discriminação, até mesmo dentro da música”, disse o intérprete Neguinho da Beija-Flor.
Nas redes sociais, a escolha do enredo foi elogiada pela comunidade nilopolitana. A Beija-Flor explicou também que a logo oficial será escolhida a partir de sugestões dos torcedores da escola, por meio do email imprensa@beija-flor.com.br. O lançamento oficial do enredo e a divulgação da sinopse está marcada para o dia 21 de junho.
“Acho importante frisar pela identidade da escola o quanto a Beija-Flor, ao longo da sua história, fala de representatividade. Por isso, neste momento de comoção nacional e mundial, vamos apresentar um tema tão histórico e tão contemporâneo”, explicou a diretora cultural da escola, Bianca Behrends.
Para a porta-bandeira Selminha Sorriso, o enredo será uma grande oportunidade de falar às massas.
“As escolas de samba sempre foram a voz do povo, com gritos de alegria, de alerta e de democracia. A Beija-For vem para cobrar os sentimentos de igualdade e de gratidão que todos devem ter com o próximo. O negro sempre foi o povo mais sofrido”, disse.
Carnaval é incerto
Apesar do avanço no desenvolvimento do próximo carnaval, o diretor da Beija-Flor, Gabriel David, confirmou a possibilidade de não haver desfiles em fevereiro, com o adiamento da festa para maio, junho ou até mesmo para 2022. Para David, só a vacina ou um medicamento eficaz permitiria a realização da festa sem riscos à vida das pessoas.
“O ideal é ter o carnaval em fevereiro, mas até novembro não temos como tomar qualquer decisão. Agora estamos pensando na vida das pessoas, em ajudar quem precisa. Lançamos o enredo com o intuito de respeitar o nosso povo, que vive do carnaval. Nós sabemos da importância disso para a vida de milhares de pessoas. Conseguimos fazer parte do pré-carnaval necessário para os desfiles das escolas de samba respeitando determinações da OMS, à distância. A única coisa que não podemos é ensaiar, e os ensaios começam, no máximo, em novembro. Por isso a decisão nesse mês.”