Martinho da Vila é daqueles artistas que não apenas cantam o samba — ele é o samba.
Sua história carrega o som do Brasil, o sorriso do povo e a força de uma ancestralidade que nunca se deixou calar. No Festival Estilo Brasil, o sambista subiu ao palco não só como músico, mas como símbolo de uma cultura que resiste, ensina e encanta gerações.
Antes da fama, Martinho teve uma vida comum — trabalhou como químico industrial, serviu como sargento do Exército, viveu a rotina que muitos brasileiros conhecem de perto. Mas dentro dele sempre pulsou o ritmo que vem da alma.
Em 1970, decidiu ouvir esse chamado e se entregar por completo à arte.
Sua virada aconteceu nos anos 60, nos lendários festivais da TV Record. Foi ali que “Casa de Bamba” abriu caminho para um novo tempo no samba e apresentou ao Brasil um artista que transformaria o jeito de contar histórias com música.
Martinho não é apenas o autor de clássicos como “O Pequeno Burguês” e “Canta, Canta, Minha Gente” — ele é a própria tradução da voz popular, da sabedoria que nasce no morro e se espalha pelo mundo.
Enquanto muitos diziam que o samba era coisa do passado, Martinho mostrou que ele era, na verdade, o futuro da nossa cultura.
E quando o mercado duvidou da força desse ritmo nascido nas vielas negras, Martinho fez história: em 1995, o disco “Tá Delícia, Tá Gostoso” ultrapassou um milhão de cópias vendidas, quebrando preconceitos e provando que o Brasil inteiro ainda queria dançar, sorrir e se reconhecer no batuque do samba.
Esse feito não foi apenas comercial — foi político, histórico e simbólico.
Foi um grito de vitória de um homem negro que acreditou na sua voz, e com ela, abriu portas para tantos outros.
Hoje, ao brilhar no Festival Estilo Brasil, Martinho não está apenas celebrando uma carreira.
Está honrando a memória do povo preto, que fez do samba uma forma de existir e resistir. Está mostrando que o sucesso verdadeiro não vem da pressa nem da moda — vem de quem planta verdade, amor e ancestralidade em cada verso.
Martinho da Vila é mais que um nome consagrado.
É uma herança viva. Um mestre. Um lembrete de que quando o preto canta, o Brasil inteiro aprende a ouvir.