Por meio de consulta pública, o Ministério Público Federal (MPF) vai colher sugestões da sociedade civil sobre medidas para combater o racismo no futebol. As propostas devem ser enviadas ao e-mail da Procuradoria Regional dos Direitos do Cidadão no Rio de Janeiro até o dia 23 deste mês.
O racismo é uma chaga que persiste, e a inércia das instituições em punir casos de discriminação racial é um problema grave que exige uma reflexão profunda. É inaceitável que, em pleno século XXI, ainda tenhamos que lidar com casos de racismo explícito e implícito em instituições, incluindo esportes, educação e trabalho, sem mecanismos eficazes de punição.
A consulta pública é um desdobramento do inquérito civil instaurado pelo MPF para analisar se houve omissão da CBF no caso de racismo sofrido pelo jogador Luighi Hanri Sousa Santos, da equipe sub-20 do Palmeiras. O episódio de violência racial ocorreu no dia 6 de março deste ano, durante partida contra o Cerro Porteño, no Paraguai. O jogo era válido pela Copa Libertadores Sub-20.
A falta de ação das instituições em punir violadores é um sinal de que a cultura do silêncio e da impunidade ainda prevalece. Isso é especialmente preocupante quando se trata de instituições que deveriam ser exemplos de respeito e inclusão, como clubes de futebol, federações e confederações de futebol, e mesmo instâncias máximas como CBE, Conmebol e Fifa. A inércia dessas instituições envia um sinal perigoso de que o racismo é tolerado e que as vítimas não têm onde recorrer.
A entrada do Ministério Público em campo para tomar medidas mais enérgicas contra o racismo é um passo necessário, e também um sinal de que as instituições não estão fazendo o suficiente para combater a discriminação racial. O Ministério Público tem papel importante em proteger os direitos das vítimas de racismo e em garantir que as instituições sejam responsabilizadas por suas ações e assumam sua responsabilidade em combater o racismo e promover a inclusão.
O triste é ver instituições com tantos afazeres como o Ministério Público tendo que se ocupar com tarefas que deveriam ser de responsabilidade das instituições que lucram para dirigir e se responsabilizar pelo esporte mais popular do mundo.