No Recife, uma coleção de moda está nascendo com alma, propósito e inovação. Mais do que roupas, “Raízes do Futuro” é um encontro entre saberes antigos e tecnologias atuais. Uma iniciativa que une costureiras, estilistas e criadores das periferias com ferramentas de inteligência artificial, colocando a moda afro-brasileira em destaque — com beleza, consciência e representatividade.
A proposta é da estilista e consultora Jessica Zarina, mulher preta que há uma década movimenta o cenário da moda com criações inspiradas na estética afro-diaspórica. Agora, celebrando os 10 anos de sua marca, Zarina idealiza uma coleção que é também um manifesto: a moda pode — e deve — respeitar suas raízes enquanto avança em direção ao futuro.
No ateliê localizado no bairro da Boa Vista, uma equipe diversa de homens e mulheres negros, entre 25 e 65 anos, constrói essa coleção de forma coletiva. Os primeiros traços são desenhados à mão e depois ganham vida no ambiente digital, com apoio de softwares 3D e inteligência artificial. O processo permite testar cores, modelagens e estampas de forma sustentável, sem abrir mão do toque artesanal.
Os tecidos, por sua vez, são cuidadosamente escolhidos: fibras naturais, texturas que contam histórias, bordados feitos com calma e orgulho. Algumas peças foram pensadas para o metaverso, enquanto outras serão desfiladas no corpo real, com todos os detalhes que só mãos experientes sabem fazer.
Mais do que um processo criativo, “Raízes do Futuro” é uma afirmação de que as comunidades negras sempre estiveram criando, inovando e resistindo — mesmo quando seus talentos foram invisibilizados. Aqui, tradição e tecnologia não competem: caminham lado a lado, com respeito e potência.
“Nós costuramos com memória e sonhamos com liberdade. Essa coleção é sobre isso: ocupar espaços, criar do nosso jeito e mostrar que o futuro também tem cor, história e ancestralidade”, resume Zarina.
O desfile de lançamento está previsto para agosto e promete emocionar quem acredita que moda também é ferramenta de transformação.
