Dados recentes revelam que mulheres negras enfrentam taxas alarmantes de mortalidade materna, evidenciando o impacto do racismo na saúde pública brasileira
A cada dois minutos, uma mulher morre no mundo devido a complicações relacionadas à gravidez e ao parto, sendo que a maioria dessas mortes é evitável, o Fundo de População das Nações Unidas. No Brasil, a situação é ainda mais alarmante para as mulheres negras, que enfrentam taxas de mortalidade materna significativamente superiores às das mulheres brancas.
Segundo os dados do Painel de Monitoramento da Morte Materna, do SUS, em 2024, o Brasil registrou 65.549 mortes maternas. Destas, 38.062 ocorreram entre mulheres negras — o que representa 58% do total, considerando a soma de mulheres pretas (6.841) e pardas (31.221). Já as mulheres brancas responderam por 25.963 óbitos, ou 39,6%. Mortes de mulheres indígenas (479) e amarelas (238) somaram 1,1% e 0,4%, respectivamente. Outros 807 registros (1,2%) não tiveram a raça/cor identificada. Os dados evidenciam uma disparidade racial profunda, reforçando a urgência de políticas públicas voltadas ao combate do racismo na saúde materna.

As mulheres negras frequentemente enfrentam barreiras no acesso a cuidados pré-natais adequados, menor qualidade no atendimento e maior exposição a fatores de risco sociais e econômicos.
Organizações da sociedade civil e movimentos de mulheres negras têm evidenciado isso e pressionado por mudanças estruturais no sistema de saúde, incluindo a implementação de políticas de equidade racial, formação antirracista para profissionais de saúde e maior investimento em cuidados maternos nas comunidades mais afetadas.
A redução da mortalidade materna entre mulheres negras é não apenas uma questão de saúde pública, mas também de justiça social e direitos humanos, exigindo o comprometimento de toda a sociedade para enfrentar e superar as desigualdades históricas que persistem no país.