Morte violenta de homem negro exibe símbolo secular de opressão

Mais uma vez, os jornais de todo mundo estampam reportagens sobre a morte violenta de um homem negro e norte-americano, depois de uma abordagem policial e ascende o debate sobre a violência racial e policial.

Em vídeos divulgados nos últimos dias, são exibidas cenas com alto teor de violência, capturadas por câmeras de segurança de rua e também acopladas nos uniformes dos policiais. Rendido, Tyre Nichols, de 29 anos, foi espancado por um grupo de policiais negros. A violência foi tamanha, que o jovem morreu, alguns dias depois, em um hospital.

Desta vez, assim como acontece com frequência no Brasil, os agressores eram pessoas negras. Os desinformados, então, podem estar se perguntando ou rapidamente respondendo, que sendo a vítima e os agressores pessoas negras, não se poderia apontar a presença do racismo no fatídico evento.

O racismo deve ser evidenciado, sim, na análise deste caso, porque é uma ideologia extremamente útil para a manutenção das estruturas equivocadas de poder. A polícia, enquanto sistema, serve a isso.

A farda transforma os agentes de segurança, que operam individualmente ou em grupo, em protetores desse sistema, sem questionar ou refletir sobre o que de fato isso significa. Tal fenômeno faz com que policiais negros, com frequência, como se tem notado, incorporem personagens perversos, que desumanizam a si mesmos e suas vítimas, revelando assim, a figura do “capitão-no-mato”, um símbolo secular da opressão.

Não há dúvida sobre a necessidade de observar a morte violenta de Tyre Nichols, tendo como contexto o racismo. 

Crédito da imagem: Foto de Andrea Ferrario 

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Jornalista com experiência em gestão, relações públicas e promoção da equidade de gênero e raça. Trabalhou na imprensa, governo, sociedade civil, iniciativa privada e organismos internacionais. Está a frente do canal "Negra Percepção" no YouTube e é autora do livro 'Negra percepção: sobre mim e nós na pandemia'.

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