Mudanças climáticas afetam PIB de países africanos em -5%
Os países africanos estão enfrentando uma perda de até 5% do seu PIB anualmente devido ao impacto desproporcional das mudanças climáticas, segundo um novo relatório divulgado na segunda-feira (2). O estudo destaca que 2023 foi um dos anos mais quentes já registrados no continente.
A Organização Meteorológica Mundial (OMM) revelou que muitas nações africanas estão dedicando até 9% de seus orçamentos a políticas de adaptação às mudanças climáticas. A secretária-geral da OMM, Celeste Saulo, alertou que, ao longo dos últimos 60 anos, a África tem experimentado um aquecimento mais rápido do que a média global, afetando a segurança alimentar, a saúde pública e a estabilidade social.
Apesar de ser responsável por menos de 10% das emissões globais de gases de efeito estufa, a África é a região mais vulnerável a eventos climáticos extremos, como secas, inundações e ondas de calor. O relatório, focado em 2023, um dos três anos mais quentes já registrados no continente, recomenda que os governos africanos invistam em sistemas de alerta precoce e serviços meteorológicos. Sem essas medidas, até 118 milhões de africanos poderão enfrentar secas, inundações e calor extremo até 2030.
Na África Subsaariana, os custos de adaptação às condições climáticas extremas podem variar entre 30 e 50 bilhões de dólares anuais na próxima década, segundo o relatório. Entre setembro e outubro de 2023, cerca de 300 mil pessoas na África Ocidental foram impactadas por enchentes. Além disso, a Zâmbia enfrentou a pior seca em 40 anos, afetando quase 6 milhões de pessoas.
Os eventos climáticos extremos continuam em 2024. No Sahel, ao sul do Saara, as inundações atingiram mais de 716 mil pessoas este ano. No Mali, as autoridades declararam um desastre nacional devido às inundações que afetaram 47 mil pessoas desde o início da estação chuvosa. A África Ocidental também enfrentou uma onda de calor sem precedentes no início do ano, resultando em um aumento no número de mortes.