Revista Raça Brasil

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Mudanças climáticas e a vulnerabilidade de pobres, mulheres, negros e indígenas

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Rachel Quintiliano

Editora do Portal Raça. Jornalista e escritora com quase 30 anos de experiência, tanto na comunicação corporativa quanto da imprensa, especialmente imprensa negra. Autora do livro ‘Negra percepção: sobre mim e nós na pandemia’. É responsável por planejar os conteúdos do portal, assegurando a linha editorial e estratégia narrativa do grupo RAÇA.

Seca, tornados e o país arde com as altas temperaturas, efeitos das mudanças climáticas

Por Rachel Quintiliano

      Poderia ser o início de um filme ou livro apocalíptico, mas são os resultados mais nítidos das mudanças climáticas (transformações a longo prazo nos padrões de temperatura e clima). Conhecedor ou não das histórias bíblicas, a população brasileira parece estar vivendo o início de um período incerto no purgatório.

      A temperatura oscila drasticamente em muitas regiões, as chuvas estão destruindo cidades e arrastando pessoas. A seca entrega toneladas de cadáveres de peixes, mamíferos e outras espécies nas margens dos rios.

      Os movimentos ambientalistas alertam há anos sobre a importância de preservar o meio ambiente, os recursos naturais e construir estratégias de mitigação para as ações maléficas dos humanos.

       A Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, também chamada de ECO 92, ocorreu no Brasil, na cidade do Rio de Janeiro. Naquele momento, não faltaram acusações sobre a importância de agir imediatamente para conter o desmatamento e informar as nações sobre a falta de recursos naturais, entre outros desafios.

      Três décadas depois, os problemas apontados na ECO-92 ainda se constituem como obstáculos a serem enfrentados. Agora, o debate enfatiza principalmente os efeitos da escassez de recursos naturais e da variação do clima para certos grupos. Isso indica que o purgatório ou até mesmo o inferno podem ser mais quentes ou mais severos para algumas pessoas.

      O último relatório divulgado pelo IPCC (The Intergovernmental Panel on Climate Change – Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas) destaca que “3,3 mil milhões de pessoas vivem em países com elevada vulnerabilidade humana às alterações climáticas”.

      Essa vulnerabilidade é medida a partir de indicadores como acesso à saúde e educação, pobreza, migração, conflitos, desigualdade de gênero, dívida elevada do país, instituições fracas, entre outros aspectos. Apesar dos padrões serem complexos, como o próprio relatório indica, “famílias de baixos rendimentos, jovens, pobres e chefiadas por mulheres enfrentam maiores riscos de subsistência devido aos perigos climáticos”.

       No Brasil, as famílias chefiadas por mulheres são as mais desprovidas de recursos. Entre essas famílias, as lideradas por mulheres negras e indígenas são ainda mais pobres. Portanto, é possível afirmar que são as mais vulneráveis aos efeitos das mudanças climáticas, em um futuro próximo, se políticas públicas não forem implementadas para enfrentar essa situação.

       É diante desse cenário que, em novembro de 2025, o Brasil sediará a COP30, Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, em Belém do Pará. O encontro reunirá líderes globais, especialistas e representantes da sociedade civil para discutir soluções e estratégias para frear os impactos das mudanças climáticas — tema que, mais do que nunca, exige respostas urgentes para proteger os mais vulneráveis.

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