Por trás de seis horas sentada em uma cadeira de salão, Clara Moneke viveu muito mais do que uma manutenção capilar. Ela viveu um reencontro. Com sua história, com suas raízes e com tantas outras mulheres negras que, assim como ela, encontram nas tranças um abrigo de identidade, força e beleza.
As micro braids, eternizadas por sua personagem Leona, da novela Dona de Mim, voltaram a ser assunto nas redes sociais — e não é à toa. Elas não são apenas um estilo. São herança, são resistência, são cuidado. Clara mostrou isso ao dividir com o público o processo feito por cinco trancistas incríveis: Michelle Oliveira, Diva Benedito e as congolesas Junette Simão, Lucia Kipalo e Silvia Nkombo, que viajaram de São Paulo até o Rio de Janeiro só para atendê-la.
A manutenção foi feita no salão Took Brasileiro, e cada mão que tocou nos fios de Clara levava consigo técnica, afeto e ancestralidade. Afinal, sendo filha de um nigeriano da etnia Ibo, Clara não carrega apenas tranças — ela carrega histórias. E faz isso com orgulho, com leveza e com muita representatividade.
As tranças que ela usa — e que tantas outras pessoas também usam — falam. Falam de luta, de pertencimento, de beleza preta que não precisa de autorização para existir. Elas nos lembram que cuidar do cabelo é também cuidar da alma, do passado e do futuro.
E se Leona, na novela, nos inspira com sua força e autenticidade, Clara inspira com sua verdade fora das telas. Porque é assim que ela vive: com beleza, com propósito e com o coração entrelaçado em cada fio que escolhe carregar.