Mulher acusada de participar de grupo neonazista é condenada por racismo 18 anos após o crime
Edwiges Francis Barroso foi a Júri Popular nesta quinta-feira (27). Os outros sete foram condenados em 2019.
A última integrante de um grupo neonazista que cometeu uma série de crimes em 2005 foi condenada por racismo nesta quinta-feira (27) em Curitiba.
Edwiges Francis Barroso recebeu pena de um ano e três meses de prisão com cumprimento inicial em regime aberto, com monitoramento de tornozeleira eletrônica.
Durante o júri, a Polícia Federal informou que a ré está no Reino Unido, então, a Justiça determinou o retorno dela ao país em até 5 dias.
A defesa dela feita pelo defensor público Wisley Rodrigo dos Santos, um homem negro. No júri, Santos destacou que não foi escalado de forma proposital para atuar no processo e que os casos são distribuído entre os defensores seguindo apenas os os números de identificação da ação penal.
“O dela caiu comigo. O fato de eu ser negro não influi de maneira alguma a análise deste processo”, reforçou.
Ao fim do júri, a defensoria esclareceu em nota que o crime de racismo estava relacionado à tentativa de homicídio cometido por outras pessoas naquele ano e, por isso, foi para o Tribunal do Júri.
“A Defensoria ainda esclarece que atuou no caso como um fiscal do devido processo legal, já que a ré confessou o crime de racismo durante depoimento à polícia na fase das investigações”, diz a nota.
A equipe da Defensoria informou também que recorreu da determinação do uso de tornozeleira eletrônica. A justificativa é que o cumprimento da pena em regime aberto seria incompatível com a medida cautelar.
As investigações
Segundo a denúncia do Ministério Público do Paraná (MP-PR), um grupo de oito pessoas espalhou adesivos racistas pelo Centro de Curitiba em 2005. As mensagens faziam ataques a homossexuais e reverenciavam Adolfo Hitler e o nazismo.
Três integrantes deles também foram acusados de agredir e de tentar matar um homem negro e um homossexual. Em 2019, sete foram condenados (saiba mais abaixo).
Edwiges foi acusada por racismo e associação criminosa, confessando o primeiro crime na época das investigações.
Sete outros integrantes foram condenados
Segundo a Polícia Civil, na época foram apreendidos adesivos com frases preconceituosas, fotos do grupo com uma bandeira nazista e um manual de conduta skinhead. Ainda conforme a polícia, também foram encontrados CDs, DVDs e desenhos de Adolf Hitler com os acusados.
Apenas Edwiges ainda não havia sido julgada, pois teve o julgamento adiado após uma liminar. Os outros sete acusados de integrar o grupo neonazista foram condenados em 2019.
Veja, abaixo, quem são os condenados e as respectivas penas:
- André Lipnharski – 8 anos, seis meses e 15 dias de reclusão por associação criminosa armada, racismo e discriminação lesão corporal gravíssima;
- Fernanda Kelly Sens – 2 anos, 10 meses e 15 dias de reclusão por associação criminosa armada e racismo e discriminação;
- Drahomiro Michel Carvalho – 2 anos, 10 meses e 15 dias de reclusão por associação criminosa armada e racismo e discriminação;
- Bruno Paese Fadel – 1 ano, seis meses e 22 dias de reclusão por associação criminosa armada;
- Estela Herman Heise – 1 ano, seis meses e 22 dias de reclusão por associação criminosa armada;
- Raul Astutte Filho – 6 anos, seis meses e sete dias de reclusão por associação criminosa armada e lesão corporal gravíssima;
- Anderson Marondes de Souza – 7 anos e dois meses de reclusão por lesão corporal gravíssima, associação criminosa armada e racismo e discriminação.