Mulher denunciada por injúria racial em jogo de futebol é condenada pela justiça em 1ª instância

Supostas ofensas estariam relacionadas a cabelo de jogador e foram relatadas por testemunhas; na decisão judicial consta que torcedora alegou não ter proferido palavra racista contra ninguém

A Justiça condenou em primeira instância uma mulher que foi denunciada por injúria racial contra um atleta amador que participava de uma partida de futebol no interior paulista, em maio do ano passado. Na época, ele procurou a Polícia e entrou com uma ação alegando que foi alvo de ofensas.

A competição foi realizada em Sandovalina, cidade de aproximadamente 4 mil habitantes, localizada na região de Presidente Prudente, a cerca de 600km da capital paulista. As supostas ofensas estariam relacionadas ao cabelo de Selton Luiz Ferreira dos Santos e teriam sido feitas durante um jogo contra a equipe de uma cidade vizinha.

– Uma torcedora do time de Estrela do Norte me chamou de cabelo de pixaim e outras coisas de conotação do meu cabelo. Na hora, criou um tumulto, outros torcedores ficaram indignados, chegaram na minha esposa. Depois do jogo, chegaram em mim para a gente poder fazer alguma coisa.

– Você fica extasiado, você pensa: “Nossa, comigo, aqui em Sandovalina, uma cidade deste tamanho, onde todo mundo se conhece. Amo meu cabelo, amo ser negro. Tem quem não gosta do cabelo da gente, tem inveja do que a gente é – disse o atleta amador.

Selton tem passagens por clubes profissionais, como o Grêmio Prudente, Araguaia, Poços de Caldas e Santo André.

A decisão é em primeira instância e cabe recurso. Para o advogado de Selton, esse posicionamento da Justiça já é um avanço no caso, tendo em vista que o trabalho dele se baseou somente nos relatos de testemunhas.

– Houve a condenação, sim, por intermédio da injúria racial, a condenação em dois anos de reclusão e, além disso, danos morais, mais multa, em prestação ao serviço à comunidade – falou Jeremias da Silva Santana.

– Existem diversos entendimentos jurisprudenciais, circunstanciais, que amparam não somente quem sofre racismo, mas também quem sofre injúria racial. E ressaltando, neste caso, foram vitais os torcedores, as pessoas. Elas servem também como testemunhas, para que, de fato, essas condutas venham ser represadas, rechaçadas – completou o advogado.

Uma das testemunhas relatou que a denunciada teria proferido palavras em relação ao cabelo de Selton, dizendo que era feio e pixaim.

A mulher denunciada foi procurada, mas foi informado à TV Fronteira – afiliada Globo – que ela não gostaria de se manifestar. Na decisão judicial consta que ela alegou não ter proferido palavra racista contra ninguém e pode ter sido interpretada de forma errada.

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