Mulheres assumem a gestão do Museu Nacional de Cultura Afro-brasileira

O museu, localizado na cidade de Salvador/BA, conta agora com a direção institucional de Cintia Maria e a gestão artística de Jamile Coelho

Pela primeira vez, após de pouco mais de dez anos de criação, o Museu Nacional da Cultura Afro-Brasileira (MUNCAB) será liderado por duas mulheres. A produtora cultural Cintia Maria assume a direção institucional e a cineasta Jamile Coelho a direção artística da entidade, que abriga um acervo com mais de 400 peças de  arte contemporânea, erudita, popular e sacra. 

A nova direção do museu planeja uma reestruturação para a reabertura gradativa do espaço para o público, além de investir em acervo, pesquisa, educação, programas de residências e no relacionamento com a comunidade museológica. O novo logotipo da organização também foi lançado, com referências dos símbolos adinkras.

“Como dizia a educadora baiana Makota Valdina, é preciso ser sujeito da história e não objeto. Sendo assim, vejo esse novo desafio como uma missão de honrar a trajetória dos nossos ancestrais. As matrizes africanas têm um papel fundamental na construção da identidade brasileira”, defende Cintia. Ela completa: “O museu é um espaço de memória, mas também de reconhecimento e de reconexão, como diz Capinam, “aqui nós trabalhamos com o tempo, com o que foi, o que é, e o que será”.

Natural de Salvador, Cintia Maria é empresária e gestora cultural. Desenvolve e gerencia projetos inovadores, criativos e de impacto social na área cultural com foco nas populações invisibilizadas e culturas identitárias. Cineclubista e fundadora do Cineclube Antônio Pitanga, sócia da Editora Emoriô, é cofundadora do projeto de formação audiovisual Núcleo Baiano de Animação em Stop Motion (NUBAS) e idealizadora do Cine Janela.

A cineasta soteropolitana Jamile Coelho iniciou sua carreira na gestão cultural como Conselheira de Cultura em Camaçari, região metropolitana de Salvador. Bacharel em Artes pela Universidade Federal da Bahia, foi responsável pelo projeto de implantação do Museu Virtual Roque Araújo. Acumula mais de 30 prêmios durante a sua trajetória como curtametragista de animação. Contribui para a descentralização do audiovisual através da realização de oficinas em quilombos, terreiros, universidades e escolas.

O fundador do museu, José Carlos Capinam se aposenta das atividades, tornando-se “Presidente de Honra” do museu que idealizou e esteve à frente desde 2011. “O Muncab opera com descobertas do que ainda não é o suficiente e do que significou a importância do negro na cultura brasileira. É dentro dessa perspectiva que o museu pode oferecer sabedorias e revelar as contribuições africanas, mesmo que limitadas pela opressão, enaltecendo a cultura brasileira”, avalia o artista.

Foto divulgação. Da esquerda para a direita: Jamile Coelho, Capinam e Cintia Maria

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Jornalista com experiência em gestão, relações públicas e promoção da equidade de gênero e raça. Trabalhou na imprensa, governo, sociedade civil, iniciativa privada e organismos internacionais. Está a frente do canal "Negra Percepção" no YouTube e é autora do livro 'Negra percepção: sobre mim e nós na pandemia'.

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