Mulheres nas eleições 2022

Por Maurício Pestana

Tenho falado com frequência da falta de representatividade preta nessas eleições, sobretudo, nas chapas majoritárias para presidente da república, mostrando a despreocupação e o desrespeito para não se dizer o racismo camuflado e institucionalizado que não salva nenhuma das instituições brasileiras como, por exemplo, os partidos políticos.

Como minha responsabilidade aqui é falar sobre diversidade nessas eleições e isto inclui também outras “minorias”, vamos falar da questão feminina, embora mulheres signifique também a maioria da população (51%); portanto, poderia chamá-las de “maiorias minorizadas”. E como elas aparecem neste pleito? A resposta é simples, não aparecem!

Das pré-candidaturas que se apresentaram para concorrer ao Palácio do Planalto existe apenas uma mulher, a senadora pelo MDB Simone Tebet. Ela não está sozinha, hoje, nos avanços femininos onde temos mulheres no supremo e até como ministras em um governo que não tem nenhum apreço por diversidade.

Fora isso, não podemos esquecer que já tivemos até uma presidente da república, porém o lugar de mulher na política ainda é um lugar determinado por uma maioria esmagadora de homens brancos que dominam o cenário e determinam o lugar delas nesses espaços de poder mesmo quando é para elas mandarem.

Existem sinais tímidos de mudanças nessa pauta da diversidade feminina na política: nas últimas eleições municipais uma mulher trans, Erika Hilton do PSOL, tornou-se a vereadora mais bem votada do país. Também não podemos esquecer o PCdoB, o partido mais antigo do país, com mais de 100 anos, hoje presidido por uma mulher, Luciana Santos, assim como o PT que tem na sua presidência a deputada Gleisi Hoffmann. Mesmo assim, a representatividade política das mulheres ainda não traduz sua força numérica na sociedade.

Encerro essa reflexão lembrando algo que parece um detalhe mas não é, talvez seja um indicativo da presença feminina em espaços de políticos de poder e na gestão pública: nos últimos vinte anos o Rio de Janeiro foi administrado por vários governadores e todos foram parar na cadeia por envolvimento ou suspeita de corrupção, nesses vinte anos a única pessoa que teve assento no palácio das Laranjeiras e não foi presa por conduta indevida foi uma mulher negra, Benedita da Silva.

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