Renda mais baixa, informalidade e falta de apoio dificultam a jornada de quem lidera negócios e carrega múltiplas desigualdades
Empreender tem sido uma alternativa para muitas mulheres negras conquistarem autonomia financeira e espaço no mercado. Mas os desafios continuam grandes. Dados mostram que, apesar do crescimento do número de empreendedores negros no país, as desigualdades de raça e gênero (interseccionalidade) ainda pesam — e muito — sobre quem tenta empreender sendo mulher e negra.
Hoje, mais de 15 milhões de pessoas negras são donas de negócios no Brasil, segundo pesquisa do Sebrae, representando mais da metade dos empreendedores do país. No entanto, a maioria segue em situação de informalidade: apenas 24% têm CNPJ. Quando se trata de renda, a diferença é ainda mais gritante. Mulheres negras empreendedoras ganham, em média, apenas 38,8% do rendimento de homens brancos donos de negócios.
A maior parte dos negócios está concentrada nos setores de serviços e comércio, muitas vezes com atuação em áreas de baixa margem de lucro. Mesmo com escolaridade crescente — mais da metade tem ensino médio ou superior —, mulheres negras enfrentam mais dificuldade para acessar crédito, formalizar seus empreendimentos e alcançar visibilidade.
A Revista Raça já contou histórias de mulheres que transformaram seus saberes em negócios potentes. De salões de beleza voltados à estética negra a marcas de cosméticos e moda afro, esses empreendimentos mostram resistência e inovação. Mas também escancaram o quanto é necessário investir em políticas públicas, crédito acessível e redes de apoio para garantir que essas mulheres tenham as mesmas oportunidades de crescer e prosperar.