O Museu Nacional da Cultura Afro-Brasileira (MUNCAB) abriu as portas — e os ouvidos — para artistas visuais negros do Brasil e da diáspora africana. Em vez de um edital tradicional, com prazos e disputas, o museu propõe algo mais profundo: um convite à escuta, à presença e à construção de caminhos mais justos dentro da arte.
A iniciativa cria um canal permanente de acolhimento entre o MUNCAB e os artistas negros contemporâneos, fortalecendo o diálogo e garantindo que novas vozes possam ser vistas, ouvidas e reconhecidas. É um gesto simbólico, mas poderoso — porque ainda hoje, muitos criadores negros enfrentam portas fechadas nas grandes instituições culturais.
Sem data para acabar, a chamada quer mapear, conhecer e valorizar produções artísticas que, por tanto tempo, ficaram à margem dos holofotes. Não há competição, apenas espaço. Espaço para existir, criar e ser lembrado.
Podem participar artistas de todo o país, com ou sem galeria, em início de carreira ou já consolidados. O processo é simples: basta enviar uma mini biografia, portfólio (em PDF ou link), redes sociais, endereço do ateliê e um texto breve sobre o conceito da obra, por meio de um formulário disponível no site do museu.
Segundo o MUNCAB, o envio do portfólio não garante participação imediata em exposições, mas assegura que o material será conhecido e analisado pela equipe curatorial — abrindo caminhos para futuras colaborações e convites.
Mais do que uma seleção, o projeto é um ato de reparação e reconhecimento. Uma forma de afirmar que a arte negra é essencial para entender o Brasil, e que cada obra carrega em si uma herança de resistência, memória e ancestralidade.
Como o próprio museu reforça, essa é uma iniciativa para “romper o silêncio histórico” e permitir que a arte negra continue escrevendo sua própria narrativa — agora, de dentro para fora.