Quando uma criança negra se vê representada em uma história, algo poderoso acontece. Ela entende que seu cabelo, sua cor, sua família e sua trajetória importam — e merecem ser contadas com orgulho. Pensando nisso, o Museu Afro Brasil Emanoel Araujo, em São Paulo, está com inscrições abertas para uma formação gratuita voltada a educadores e contadores(as) de histórias negros(as), com foco em práticas antirracistas para a infância.
A iniciativa vai selecionar três pessoas negras para viver essa experiência afetiva e formativa, que acontecerá entre os meses de agosto e dezembro. Além de certificado e trocas com o acervo do museu, cada participante receberá cachê de R$ 1.500,00.
Mais do que uma oportunidade profissional, o projeto é um convite para construir pontes entre memória, identidade e pertencimento. Crianças de 4 a 7 anos serão o público das histórias inspiradas nas obras do museu — contadas por quem carrega em si a vivência, a ancestralidade e a potência da negritude.
Com um olhar atento à diversidade dentro da própria comunidade negra, o edital garante a seleção de pelo menos uma mulher (cis ou trans), uma pessoa surda e uma pessoa LGBTIAPN+. As inscrições podem ser feitas até 25 de julho, por meio de formulário disponível nas plataformas digitais do museu. Será necessário enviar portfólio e, se for o caso, autodeclaração conforme o edital.
A formação está integrada aos programas Encantamentos e Negritudes: Por uma infância sem racismo e Singular Plural, que unem educação, arte e acessibilidade para uma infância mais sensível e representativa. Os encontros envolvem visitas mediadas ao acervo, criação coletiva de roteiros, oficinas de Libras, performance e trocas com o Núcleo de Educação para as Relações Étnico-Raciais.
As histórias criadas serão apresentadas no Auditório Ruth de Souza, espaço que carrega o nome de uma das maiores atrizes negras do Brasil — símbolo de resistência e imaginação. Com essa ação, o Museu Afro Brasil não apenas amplia o acesso ao seu acervo, mas também fortalece uma rede de profissionais negros(as) comprometidos com o cuidado, a educação e a reconstrução de narrativas desde o começo da vida.
Porque contar histórias é mais do que entreter. É plantar raízes, curar ausências, romper silenciamentos. É dizer para cada criança negra: “você é parte da história — e ela precisa de você”.