Na política, negros estão abaixo da terceira via
Nem a terceira via está levando em consideração uma candidatura negra sequer para vice-presidente
Por: Maurício Pestana
Existe uma linguagem popular e muito usada no futebol e em outras modalidades quando se quer desclassificar alguém, alguma coisa, ou um suposto produto que se desqualifica chamando o produto de segunda, ou melhor, de terceira categoria.
É fácil puxar na memória coisas que no dia a dia já estão em nosso imaginário coletivo, como por exemplo: terceiro mundo, terceira divisão, terceira linha, terceiro tudo e, por que não dizer, terceira via.
Essa tal terceira via no caso em questão seria a opção de quem não quer ir nem de primeira e nem de segunda, que estão na frente. Então, entra aí a terceira via que pode não ser bom nem ser ruim, mas pelo menos não compromete, ou seja, algo sem sal ou sem açúcar, sem prestígio, algo de terceira.
O que me chama atenção na atual situação da política brasileira, e analisando o quadro partidário da sub-representação de negros e mulheres em espaços de poder, é que estamos, impressionantemente, abaixo da terceira via! Pois nem a terceira via está levando em consideração uma candidatura negra sequer para vice.
Já falei aqui em textos anteriores a indignação que sentimos ao não ver cogitado ou discutido uma mulher ou um homem negro nas chapas que se apresentam como reais chances de chegar ao Palácio do Planalto ou de continuar por lá, isso em um momento em que o tema racial ganha cada vez mais holofotes nos noticiários, na TV, no cinema e até no Carnaval!
Sim, o Carnaval, para termos uma ideia, das doze escolas de samba carioca, oito vieram com sambas-enredo falando sobre o racismo ou enaltecendo negros e negras do maior país negro fora da África, cujos mesmos representam 56% da população.
Mas quando se fala em representatividade negra na política… Nada. Nem na primeira, nem na segunda e menos ainda na terceira. Ou seja, no quesito representação política, estamos abaixo da terceira via!