Nos últimos dias, o nome de Léo Lins voltou aos holofotes após sua condenação por piadas racistas. O caso levantou mais uma vez uma questão delicada, mas urgente: até onde vai a liberdade de expressão? E quando o “humor” ultrapassa os limites do respeito?
Algumas pessoas correram para chamar a decisão da Justiça de censura. Mas precisamos olhar com mais cuidado. Não se trata de impedir ninguém de fazer piadas — e sim de entender que palavras têm poder. Elas constroem ou destroem. Elas podem acolher, mas também podem ferir profundamente.
Quando alguém usa o palco para zombar da cor da pele, da aparência ou da história de um povo, não está fazendo comédia — está reforçando o preconceito. Isso não é liberdade de expressão, é violência disfarçada de riso. E a Justiça brasileira, ao condenar esse tipo de atitude, está dizendo: chega.
O chamado “racismo recreativo” tenta passar despercebido. Vem com risadas, palmas e o famoso “é só brincadeira”. Mas pra quem sente na pele, não tem nada de leve. É a dor sendo tratada como entretenimento. É a história de luta sendo reduzida a piada. É um reforço cruel da ideia de que pessoas negras podem continuar sendo ridicularizadas em público.
A verdade é que o humor, quando usado com responsabilidade, é uma ferramenta poderosa. Ele pode criticar, provocar reflexão, gerar empatia. O problema é quando ele desce do palco e deixa cicatrizes. E, nesse caso, o que está em discussão não é o fim da comédia — é o fim da impunidade para quem insiste em fazer do racismo um “show”.
A liberdade de expressão é um direito de todos. Mas não existe liberdade para ferir. Respeito não é censura. É o mínimo. É o que garante que ninguém precise rir da própria dor para se sentir aceito.
Se queremos uma sociedade mais justa, é preciso aprender a rir sem humilhar. É preciso trocar o riso fácil pela consciência. E entender, de uma vez por todas, que a luta contra o racismo não é exagero — é justiça.
