Negros de Cuba
Oswaldo Faustino relata sobre o poder do povo negro em Cuba
Texto: Oswaldo Faustino | Foto: Divulgação | Adaptação web Sara Loup
No finalzinho de 2010 correu pela internet, por iniciativa de ONGs como o Memorial Lelia Gonzales, a notícia da prisão, em Havana, do afro-cubano Manuel Cuesta Morua, líder do Partido do Arco Progressista (PARP), que é socialdemocrata. A detenção por agentes de Segurança do Estado do governo Raúl Castro, ocorreu no dia 29 de dezembro. No dias que se seguiram, seus familiares e amigos afirmavam não saber para onde ele foi levado.
A notícia foi veiculada pelo boletim eletrônico Cuba Encuentro, com base em informações divulgadas pela Rádio Martí. Ainda não se veiculou a informação de sua libertação. Ao ser preso, Morua estava a caminho da residência do líder antirracista Juan Madrazo Luna, coordenador nacional do Comitê pela Integração Racial (CIR) que o Cuba Encuentrochamou, erroneamente, de José Antonio Madrazo , para discutirem com outras lideranças as medidas impopulares do governo que já causaram o desemprego de mais de meio milhão de operários e operárias, cuja maioria absoluta é de negros e negras.
Mesmo quando simpatizantes dos pensamentos de esquerda e de governos que tenham se pautado nesses princípios, precisamos refletir não só sobre o desrespeito aos direitos humanos mas, principalmente, sobre a realidade de poderes em que o negro sempre é mantido como subalterno. Até quando os negros de Cuba só terão algum valor quando integrarem as elites dos esportistas ou músicos, como podemos constatar no documentário Buena Vista Social Club, e pelos jovens do grupo Orishas, Addys D’Mercedes que vive na Alemanha e Benny Moré, entre tantos outros?
É esta é a realidade nos países em que somos maioria, mas não temos o poder. Você é capaz de citar algum?
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