Nelson Sargento, um dos principais nomes da cultura do samba, morre aos 96 anos por COVID-19

“Samba, agoniza mas não morre, alguém sempre te socorre, antes do suspiro derradeiro.”

Baluarte Nelson Sargento morreu no Rio de Janeiro aos 96 anos, autor de sucessos como ‘Agoniza, mas não morre’, foi diagnosticado com Covid na última sexta-feira (21), quando foi internado. Segundo a assessoria do artista e do INCA (Instituto Nacional do Câncer), ele morreu por volta das 10h45 (de brasília).

“Apesar de todos os esforços terapêuticos utilizados, o óbito ocorreu as 10:45 minutos dessa sexta-feira, 27 de maio de 2021. Nelson Matos era paciente do INCA desde 2005 quando foi diagnosticado e tratado câncer de próstata”

Sargento havia sido transferido para a UTI no último sábado (22) após testar positivo para a covid-19. O quadro de saúde dele era considerado grave.

O cantor e compositor estava internado no INCA desde o dia 20, com um quadro de desidratação, anorexia e “significativa queda do estado geral”, segundo o boletim médico divulgado nas redes sociais de Nelson Sargento.

Nelson Sargento também era escritor, ator e artista plástico. Ele era o presidente de honra da escola de samba Estação Primeira de Mangueira.

Um dos principais nomes da cultura do samba e do Carnaval, Sargento compôs com reforço de Jamelão “Cântico à Natureza” (ou “Primavera”), samba-enredo da Mangueira em 1955 — a escola ficou em segundo lugar no Carnaval carioca.

Ele chegou na escola com 18 anos, quando integrou-se à ala dos compositores da Estação Primeira de Mangueira, onde seria presidente de honra e desfilaria ininterruptamente até 2020.

No Carnaval de 2019, quando a Mangueira conquistou seu último título, com um enredo que enfocava personagens esquecidos pelos livros de história, desfilou representando Zumbi dos Palmares.

Ele tinha cerca de 400 canções e 30 discos gravados

A carreira de Nelson

Nascido em 25 de julho de 1924, na Praça 15, região central do Rio de Janeiro, Nelson Mattos ganhou o apelido de Nelson Sargento depois de uma rápida passagem pelo Exército.

Foi ainda na adolescência que ele despontou na música. Mas foi apenas com 31 anos que o torcedor do Vasco da Gama compôs seu primeiro trabalho de sucesso.

Ao lado de Alfredo Português, em 1955, Sargento escreveu ‘Primavera’, samba-enredo que também ficou conhecido como ‘As quatro estações’. Até hoje, muitos consideram um dos sambas mais bonitos de todos os tempos.

Nos anos 60, Sargento integrou o grupo A Voz do Morro, ao lado de Paulinho da Viola, Zé Kéti, Elton Medeiros, Jair do Cavaquinho, José da Cruz e Anescarzinho.

Entre seus parceiros de composição musical, estão Cartola, Carlos Cachaça, Darcy da Mangueira, João de Aquino, Pedro Amorim, Daniel Gonzaga e Rô Fonseca.

Entre os grandes sambas feitos por ele estão:

Agoniza, mas não morre;

Cântico à natureza;

Encanto da paisagem;

Falso amor sincero;

Século do samba;

Acabou meu sossego.

O mestre do samba ainda escreveu os livros “Prisioneiro do Mundo” e “Um certo Geraldo Pereira”.

No cinema, ele atuou nos filmes “O Primeiro Dia”, de Walter Salles e Daniela Thomas, “Orfeu”, de Cacá Diegues, e “Nélson Sargento da Mangueira” de Estêvão Pantoja. Esse último rendeu ao sambista o prêmio Kikito, no Festival de Gramado, pela melhor trilha sonora entre os filmes de curta metragem.

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