Intelectual queniano influenciou gerações com sua defesa das línguas africanas e da descolonização do pensamento
Faleceu na semana passada (28/05), o escritor e intelectual queniano Ngũgĩ wa Thiong’o, aos 87 anos. Considerado um dos maiores nomes do pensamento africano contemporâneo, Ngũgĩ foi autor de obras fundamentais como Descolonizando a mente: a política linguística na literatura africana, recém-lançada no Brasil, e era frequentemente cotado para o Prêmio Nobel de Literatura.
Sua filha, a também escritora Wanjiku wa Ngũgĩ, confirmou a morte em uma publicação nas redes sociais. “É com grande pesar que anunciamos o falecimento do nosso pai, Ngũgĩ wa Thiong’o. Ele viveu uma vida plena, lutou um bom combate. Como foi o seu último desejo, vamos celebrar a sua vida e o seu trabalho”, escreveu.
Nascido em 1937, no Quênia, Ngũgĩ foi um dos principais defensores da valorização das línguas africanas na produção literária e acadêmica, e enfrentou prisões e o exílio por seu ativismo contra o colonialismo e o autoritarismo. Sua obra atravessou fronteiras e influenciou gerações de pensadores, escritores e militantes anticoloniais em todo o mundo.
O legado de Ngũgĩ wa Thiong’o é um marco na luta por uma literatura enraizada na experiência africana, com voz própria e livre das amarras coloniais. Sua morte representa uma perda imensa para a cultura e para a resistência intelectual do Sul Global — mas seu pensamento segue vivo, inspirando o presente e o futuro.