Nome em ascensão no rap feminino, Nic Dias tem presença marcante no festival de música no Pará

Nascida nas ruas de Icoaraci, periferia do subúrbio de Belém do Pará, a rapper Nic Dias tem só 23 anos, mas uma grande bagagem sobre os desafios e vivências da vida preta no Brasil. Toda essa experiência densa é traduzida em rimas afiadas, marca de uma carreira que começou aos 19 anos quando encontrou no rap a expressão para dividir o que vivia. Prova disso foi uma de suas primeiras faixas, sobre violência doméstica, inspirada pela vida de sua própria mãe. Hoje, Nic é protagonista do rap amazônico e tida como rainha no Pará, por representar a juventude periférica, sobretudo as moças e meninas, usando como arma (muitas vezes, quase literalmente) suas rimas para valorizar a autoestima das mulheres pretas e periféricas.

Seu primeiro EP, “1.9.9.9”, de 2021, é um relato intenso de alguém que conheceu a dureza da vida cedo demais. Como poucas artistas no cenário nacional, sua sonoridade é crua, e não foi feita para ouvidos confortáveis. Suas músicas agridem, instigam e provocam reflexão a partir da visão periférica da vida, e inspiram a nova geração a acreditar em sua força, beleza e a “afiar as garras” para afirmar seu direito de ser feliz num mundo ainda machista e excludente. 

É por isso que Nic emerge como um símbolo de resistência e referência do que é, hoje, uma jovem mulher preta, da periferia, na vida cultural brasileira. Este protagonismo se afirma especialmente pelos atravessamentos de suas vivências como afro-indígena. 

“Eu acredito que não há como ter justiça sem equidade, sem ter uma reação ao racismo que as pessoas cometem. ‘Remédio pra Racista’ [música do EP ‘1.9.9.9’] é justamente essa reação. Tudo que a gente faz gera um efeito e violência gera violência”, disse a rapper em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo.

Orientada, como marca, pelo incentivo a artistas independentes de grupos sub-representados, para levá-los a ocupar novos espaços e moldar um futuro plural, a Converse coloca Nic Dias no line-up da edição de 2022 do Festival PSICA, comemorativa dos dez anos do evento, em Belém do Pará. Além de um festival multicultural, o PSICA é um movimento preto e periférico nascido na Amazônia, cuja influência vem aumentando em todo o Brasil. Para comemorar seu aniversário, o espetáculo coloca nomes emergentes de impacto, como Nic, ao lado de atrações consagradas, como Daniela Mercury, Baco Exu do Blues, Liniker e Gaby Amarantos. Os 40 shows, entre 16 e 18 de dezembro, com um dia aberto ao público, mostrarão a cultura brasileira contemporânea da forma mais original e autêntica.

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