Revista Raça Brasil

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Nomes de artistas negras ganham espaço nas certidões de nascimento do Estado

Nem todo ídolo vive só nos palcos — alguns seguem ecoando nos cartórios. O levantamento mais recente do IBGE mostra que, em Mato Grosso do Sul, nomes como Rihanna, Ludmilla e Anitta aparecem com força nas certidões de nascimento, revelando mais do que admiração: um reflexo de quem inspira e representa.

Ao todo, o Estado soma 69 Rianas e 22 Rihannas, variações que homenageiam uma das maiores artistas negras do mundo. Mesmo longe dos palcos, Rihanna continua viva no imaginário popular — símbolo de força, autenticidade e poder feminino. Ver seu nome se multiplicar em novas gerações é também ver a presença negra ocupar espaços de afeto, beleza e referência.

Entre as brasileiras, Ludmilla lidera. São 59 Ludmillas registradas, ao lado de 16 Anittas, mostrando que o pop nacional também tem rosto e voz pretos. Ludmilla, que fez história como a primeira cantora negra latino-americana a se apresentar no Coachella, representa não apenas sucesso, mas o orgulho de ser quem se é — e isso, para muitas famílias, é motivo de batismo.

O fenômeno vai além da música. É sobre representatividade. Sobre pais que desejam que seus filhos carreguem nomes de pessoas que transformaram a dor em arte e o preconceito em inspiração. Sobre meninas pretas que, desde o nascimento, recebem um lembrete de que podem brilhar tanto quanto suas referências.

Ainda assim, há uma ausência curiosa: Beyoncé. Nenhum registro no Estado. Nenhum nome. Um silêncio que surpreende diante da força simbólica da artista que revolucionou a forma como o mundo enxerga a mulher negra — e que, talvez, ainda encontre resistência cultural em um país que nem sempre celebra suas próprias raízes.

Mas o cenário está mudando. Cada Ludmilla, cada Rihanna registrada é também um ato de afirmação. Uma forma de dizer: “nossos filhos terão nomes que o mundo respeita”.

O levantamento “Nomes do Brasil”, do IBGE, vai além da estatística — ele conta uma história sobre pertencimento, sobre o quanto a cultura pop e a representatividade negra têm moldado o imaginário brasileiro. No fim das contas, o cartório também é palco. E cada nome, um manifesto silencioso de orgulho e identidade.

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