No Brasil, ser negro ainda é carregar nas costas o peso de um racismo que machuca o corpo, a mente e a alma — muitas vezes em silêncio. Mas no Rio de Janeiro, um novo passo foi dado na tentativa de transformar essa realidade. Agora é lei: profissionais da saúde e da assistência social da rede pública passarão por uma capacitação específica para atender vítimas de violência racial com escuta sensível, cuidado e acolhimento.
A Lei 10.884/25, de autoria da deputada Verônica Lima (PT), foi sancionada pelo governador e publicada nesta terça-feira (15). O programa não apenas reconhece que o racismo adoece, mas também entende que ele precisa ser combatido com humanidade e responsabilidade dentro dos próprios serviços públicos — especialmente quando a violência vem de quem deveria proteger.
As ações vão desde o fortalecimento das estruturas públicas até formações contínuas para profissionais da área, abordando temas como os impactos emocionais do racismo, os diferentes tipos de violência racial, o papel do sigilo, e a criação de ambientes seguros para quem precisa se sentir ouvida e cuidada.
“A gente sabe que, até no momento do parto, mulheres negras são vítimas de racismo. Dizem que, por serem negras, aguentam mais dor. Isso é cruel, e precisamos mudar esse cenário”, destacou Verônica Lima. Para ela, é essencial garantir que mulheres e homens negros sejam acolhidos com respeito e dignidade, principalmente em situações de extrema vulnerabilidade.
A lei também prevê a criação de campanhas educativas, materiais informativos e parcerias com universidades e entidades civis para garantir que essa transformação não fique apenas no papel.
Mais do que uma capacitação, a nova medida é um chamado à empatia e à reparação. É reconhecer que vidas negras importam — e que elas precisam ser cuidadas, protegidas e tratadas com o mesmo respeito e zelo que qualquer outra. Que seja o começo de uma rede pública mais humana, mais atenta e mais justa.