Novos variantes da COVID-19
ESTAMOS VIVENDO UMA NOVA ONDA?
Por: Dra. Jaqueline Goes
A batalha contra a COVID-19 e suas variantes está ganhando novos contornos na luta pela imunização planetária. A nova subvariante da ômicron, conhecida como BQ.1, vem trazendo algumas preocupações. Identificada na Europa, Estados Unidos e inclusive no Brasil, está havendo um grande número de novos casos diários que acendem o sinal de alerta. Laboratórios privados, desde o início de outubro, já estão vendo um “boom” nos casos positivos novamente, de acordo com o Instituto Todos pela Saúde (ITpS), que alerta para uma nova onda da doença em países da Europa.
Segundo dados do boletim epidemiológico do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass), o Brasil registrou 1.077 novos casos no dia 06/11/2022, e seis mortes por COVID-19 em 24 horas. Nos últimos sete dias, a medida móvel da doença ficou em 3.798 casos diários. Mas, apesar dos riscos de uma terceira onda, as vacinas contra COVID-19 já administradas têm proteção contra a nova variante, mesmo o nível de eficácia sendo menor. Segundo dados do governo nacional, pelo menos 87,6% da população brasileira já foi vacinada pelo ao menos com uma dose. Mesmo com os riscos de um imbróglio no Sistema Único de Saúde (SUS) novamente, por falta de leitos e respiradores, as chances de uma terceira onda ainda são baixas, porém é preciso reforçar que a população precisa ter, pelo menos, três doses completas no seu cartão vacinal contra a covid. Dados do consórcio de veículos de imprensa revelam que apenas 49% da população tem a proteção completa – quase 80 milhões de brasileiros a menos que aqueles que receberam a primeira aplicação, aproximadamente 85% do total.
Outro problema que acabou culminando com o aumento dos casos, foi o fato das medidas de prevenção serem flexibilizadas rápidas demais e as pessoas simplesmente terem parado de usar máscaras ou álcool em gel, por exemplo. O combate deve acontecer de forma diária, com campanhas de vacinação e prevenção fomentadas pelo governo. Vale ressaltar que a população preta e pobre do país estão mais vulneráveis e redobrar esses cuidados é de suma importância. Para se ter ideia, um estudo do Núcleo de Operações e Inteligência em Saúde, grupo da PUC-Rio, confirmou que pretos e pardos morreram por COVID-19 mais do que brancos no Brasil no auge da pandemia em 2020, com quase 55% dos óbitos, enquanto entre pessoas brancas, esse número ficou em 38%.
Além disso, é preciso continuar acreditando na ciência e na eficácia da vacina. As novas variantes estão provocando sintomas mais leves nas pessoas porque quem tomou as doses de reforço, naturalmente adquirem certa resistência ao vírus e isso já é um ótimo sinal e nos mantém esperançosos para que a pandemia de fato seja controlada no mundo inteiro.
*Jaqueline Goes de Jesus é biomédica, professora e pesquisadora da Escola Bahiana de Medicina e Saúde
Pública, com mestrado em Biotecnologia em Saúde e Medicina Investigativa e doutorado em Patologia Humana.
Coordena ao lado da Dra. Ester Sabino, a REDE SEQV BR e ganhou notoriedade internacional ao fazer parte da equipe que realizou o sequenciamento genético do SARS-CoV-2 cerca de 48h após o primeiro caso da doença no país.