Um estudo conduzido pelo cirurgião Julian De Silva, usando a chamada Proporção Áurea — fórmula matemática criada pelos gregos para medir simetria e harmonia — colocou Emma Stone no topo da lista das “mulheres mais bonitas do mundo”. A atriz alcançou 94,72%, graças ao equilíbrio entre sobrancelhas, lábios e maxilar. Em seguida vêm nomes como Zendaya, Frieda Pinto, Olivia Rodrigo, Aishwarya Rai e Beyoncé.
Mas, para além da curiosidade, o ranking reacende uma conversa que mulheres negras conhecem bem: a beleza continua sendo medida por parâmetros que não foram feitos para elas.
Mesmo com figuras poderosas como Zendaya (2º lugar) e Beyoncé (10º) ocupando posições de destaque, a equação matemática revela suas limitações. Criada em um mundo europeu e masculino, a Proporção Áurea tenta enquadrar a beleza dentro de um número — o famoso 1,618 — ignorando que rostos, heranças, traços e histórias carregam mais mundo do que qualquer cálculo pode abarcar.
A ciência pode mapear simetria, mas não sabe medir ancestralidade.
Não traduz o impacto de ver Beyoncé transformar a indústria com seu rosto, sua pele e seu cabelo.
Não alcança o significado de uma menina negra se enxergar em Zendaya, ocupando lugar de protagonismo global.
Não calcula o afeto que a imagem dessas mulheres desperta ao abrir portas que sempre estiveram trancadas.
Por isso, embora apareçam no ranking, a presença de artistas negras não legitima a fórmula — mas evidencia o quanto elas ultrapassam qualquer tentativa de padronização.
A beleza negra não se limita a traços “proporcionais”.
Ela é política, cultural, histórica.
Ela é resistência em um mundo que por séculos tentou apagá-la.
Listas como essa mostram dados, mas também revelam o quanto ainda precisamos refletir: quem define o que é belo?
E mais — quem fica de fora quando a régua não foi criada para todos?
Enquanto estudos tentam medir rostos, mulheres negras seguem fazendo o que a matemática nunca conseguiu: transformar beleza em liberdade, presença e impacto.






