Se estivesse vivo, Grande Otelo completaria 110 anos em 2025. Mas a verdade é que ele nunca saiu de cena. Ator, cantor, produtor, compositor — Sebastião Bernardes de Souza Prata, o Grande Otelo, foi muito mais que um artista. Foi um gigante que usou talento e coragem para enfrentar o racismo e transformar o cinema brasileiro.
Nascido em 1915, ele venceu as barreiras impostas ao artista negro e brilhou das chanchadas ao Cinema Novo, chegando até produções internacionais. Mas não sem dor: muitas vezes foi empurrado para papéis estereotipados. “O artista negro tem que ser o dobro de bom”, dizia ele, resumindo a luta que ainda ecoa hoje.
Em 2025, Belo Horizonte celebrou sua memória com a mostra Intérprete do Brasil, exibindo 37 filmes que revelam toda sua potência. Para Tatiana Carvalho, da Associação de Profissionais do Audiovisual Negro (APAN), Otelo mostrou ao Brasil o que o racismo nos tira: “Ele criou caminhos de fuga, mostrou que somos muito maiores do que os limites que nos impõem.”
Grande Otelo rasgou os papéis pequenos que tentaram lhe dar e construiu, com humor e verdade, um lugar eterno na história. Sua arte continua viva, inspirando quem sonha — e luta — por um cinema mais justo e diverso.