O impacto do retorno de Trump na inclusão racial
O retorno de Donald Trump à Presidência dos Estados Unidos reacendeu preocupações sobre o futuro de programas de ação afirmativa. Conhecido por sua postura contrária a políticas de inclusão, o republicano já iniciou o novo mandato extinguindo iniciativas que promoviam a diversidade racial. Essa decisão não apenas afeta o cenário norte-americano, mas também lança reflexos sobre o Brasil, especialmente nas multinacionais.
Em entrevista ao Correio, Rafaela Santana, fundadora da Iarhas – Consultoria de Carreiras Negras, explica que a pressão social foi o que impulsionou a criação de muitos desses programas, mas a resistência interna permanece. “Abrem as portas, mas não mudam os processos. Exigem inglês fluente, experiências internacionais, mas não oferecem suporte. O resultado é uma alta rotatividade e o adoecimento psíquico de profissionais negros.”
O impacto emocional é uma das principais preocupações. Rafaela descreve o isolamento vivido por muitos ao alcançarem cargos de liderança. “A pessoa negra bem-sucedida muitas vezes se torna um ‘totem’ e precisa se desconectar de suas referências sociais para se manter ali. Isso gera esgotamento e uma sensação constante de inadequação.”
Apesar das dificuldades, ela acredita na força coletiva e na importância de manter a intencionalidade. “Estamos diante de uma geração que chega ao mercado com orgulho e consciência de sua identidade. O racismo é dinâmico, mas a nossa resiliência também é. Seguiremos avançando.”