O racismo que não respeita nem os operadores do Direito

Texto: Cristiane Linhares

É sempre crucial dar visibilidade ao racismo que enfrentamos diariamente, especialmente quando está profundamente enraizado na estrutura da sociedade e justiça.

Como operadora do Direito, fiquei estarrecida com a conduta negligente dos policiais ao livrarem a agressora de injúria racial do flagrante. Apesar de denunciada e filmada, a agressora saiu da instituição policial pela porta da frente, como se nada tivesse acontecido, sem ao menos registro do depoimento à autoridade policial. Saiu de uma instituição que deveria nos proteger e garantir nossos direitos básicos, estipulados pela Constituição Federal e legislação vigente. Mas, como mulher negra, minha indignação se mistura à percepção da exposição e cotidiana vulnerabilidade a preconceitos, especialmente ao racismo institucional, também pelos representantes do Estado, que pouco ou nada fazem para combatê lo. A impotência do momento se transformou em luta!

Não vou deixar de lutar por justiça! Não apenas para que a agressora responda pelo seu ato discriminatório, racista e extremamente agressivo contra mim, mas, principalmente, para encorajar outras pessoas, assim como eu, sofrem com essa prática criminosa. Pessoas negras são diariamente atacadas, desumanizadas e descredibilizadas por conta do seu tom de pele.

Assim como meus ancestrais tiveram suas vidas violadas por um sistema avisos por diminuí-los e, ainda assim, resistiram bravamente, sinto-me na obrigação de seguir resistindo em respeito a eles.

Hoje, denuncio o racismo sofrido, para que as futuras gerações tenham voz, não sejam discriminadas e não sintam a dor que senti. Vale ressaltar minha profunda indignação ao perceber fragrante descaso e evidente insegurança na aplicação das normas.

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