O retrato do Brasil atual

Restos de ossos e carne descartadas por supermercados viram comida para pessoas que estão passando necessidades

A fome tem sido um retrato do Brasil desde o início da pandemia e estamos nos deparando com cenas que chocam a população e que parecem ter se tornado recorrentes nos últimos meses. A capa do jornal Extra hoje resumiu a situação de muitas pessoas no país, que estão buscando sobras de comida e ossos descartados por supermercados para fazer uma refeição.

O jornal acompanhou o momento em que um caminhão estacionou no bairro da Glória, Zona Sul do Rio de Janeiro, para doar ossos e restos de carne recolhidos em supermercados. De acordo com a matéria, pessoas de várias idades formavam filas para recolher os ossos e os restos de carne.

O motorista do caminhão, José Divino Santos, de 63 anos, comenta o aumento no número de pessoas pedindo os restos de carne e ossos que ele transporta. “Tem dias que chego aqui e tenho vontade de chorar. Um país tão rico não pode estar assim. É muito triste as pessoas passarem por essa situação. O meu coração dói. Antes, as pessoas passavam aqui e pediam um pedaço de osso para dar para os cachorros. Hoje, elas imploraram por um pouco de ossada para fazer comida. Duas ou três pessoas em situação de rua passavam aqui e levavam. Hoje, tem dia que tem umas 15 pessoas”, conta.

Os ossos transportados por Divino são destinados a uma fábrica no bairro de Santa Rita, Nova Iguaçu, que produz ração para cães e a gordura é utilizada para produção de sabão em barra.

O desemprego no Brasil chegou a 14,1% no segundo trimestre deste ano. São cerca de 14,4 milhões de brasileiros lidando com a falta de emprego, de comida e de subsídios públicos para manter suas famílias. A inflação ultrapassou os dois dígitos pela primeira vez desde 2016, chegando a 10,05% no acumulado de 12 meses. Em agosto, um estudo do IBGE apontou que famílias sem acesso pleno à alimentação estimam que o valor mínimo necessário para comer é 85% maior do que o valor que possuem para comprar alimentos.

Com o desemprego e a fome, a insegurança alimentar aumenta, já que com pouco dinheiro as famílias ficam com opções limitadas de escolha dos alimentos, comprometendo a quantidade de comida consumida e a qualidade desses produtos para a saúde.

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