Paula Aprouch: de moça do cafezinho à líder e stylist

por: Flavia Cirino

[TEXTO EDIÇÃO 209]

Mãe, mulher, profissional de moda e apaixonada pela vida. Assim a mineira de Belo horizonte, Paula Aprouch, se define. Referência em moda masculina, ela assina o figurino de nomes como Marcelo Falcão, Rodriguinho e Sorriso Maroto. Abandonada pela mãe, foi criada pela avó. Sua distração enquanto não estava fazendo os afazeres domésticos, enquanto as primas faziam cursos diversos, era criar roupas com folha de bananeira.

A moda despertou de vez, quando foi contratada para trabalhar no estoque de uma famosa marca de roupas, onde só vendedoras com tipo físico de modelo. “Limpava chão, servia cafézinho, fazia essas funções como
ninguém. Os clientes começaram a perguntar por mim e a gerente dizia “ela não é vendedora, serve cafézinho”. Mas era tanta gente me procurando que um dia resolveram fazer um teste. Lembro que o supervisor – negro não retinto – disse que não daria certo porque as pessoas não gostavam de ser atendidas por negros. Foi um sucesso, nunca deixei de ser a campeã de vendas. Fui a primeira negra a ser contratada como vendedora
em um refinado shopping. Fazia vitrine, o dono da grife passou a me citar como exemplo e fui fazer faculdade de moda”.

Mas o destino fez com que Paula não prosseguisse na vida acadêmica (um desejo que ela ainda acalenta). Paralelo à loja, fazia produções vestindo grupos de pagode. Até que um colega que era figurinista do canal Multishow conseguiu um trabalho em Nova Iorque e a indicou para ser sua substituta. Paula não parou mais. Passou por uma grande gravadora, onde estreitou ainda mais os laços com a música e optou por voltar a trabalhar de forma autônoma.

“Atualmente tenho um atelier em São Paulo, montado na garagem da casa do Rodriguinho, que se tornou mais do que cliente, um grande amigo, e sou sócia da cunhada dele. Na minha casa, no Rio de Janeiro, tenho outra base de produção. Tenho plena convicção de que só não sou mais reconhecida e não tenho grana porque sou negra. Se eu fosse branca, com a quantidade de pessoas com quem trabalhei, com a bagagem e conhecimento que tenho, estaria no topo. Mas não lamento. Prefiro sorrir e responder ao preconceito com o meu trabalho”.

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