Perfil: Shirley Cruz

Consolidada no cinema, atriz desponta em novela como executiva bem-sucedida.

Por: Flávia Cirino

Glaucia é uma executiva que responde pela direção comercial da Editora Prado Monteiro. Lésbica, decidida, empoderada e elegante, ela faz valer sua aparição a cada cena de “Bom Sucesso”, novela exibida na Globo na faixa das 19h em 2019. Vivida por Shirley Cruz, a personagem se destacou ao deixar de lado o olhar secundário aos personagens negros.

A atriz, que também trabalha como jornalista para uma publicação da Noruega, iniciou o trabalho na trama logo após chegar de Cannes, onde participou do renomado festival de cinema e de lá voltou premiada por “A vida Invisível de Eurídice Gusmão”, fillme de Karim Ainouz. É na sétima arte que seu trabalho tem maior destaque,
com um currículo sólido que contabiliza mais de 30 filmes. Chegar à TV, ela confessa, tem um sabor a mais.

Mais sobre Shirley


“Ao longo de meus 19 anos de carreira, faz duas ou três participações em novelas que não agregaram. O fato da Glaucia ser uma diretora comercial da editora me agrada muito. Não tem como deixar de acentuar que é uma mulher negra, bem sucedida, culta e lésbica. Procurei referências de uma mulher como ela e não achei. Mas pensando nela como mulher, poderosa, firme, charmosa e inteligente, lembrei de Marielle Franco.”

Revelada no filme “Cidade de Deus”, a atriz enfatiza que o ambiente da personagem não lhe causa estranheza.
“Eu vim de classe média, nunca estudei em colégio público. As pessoas não enxergam que o negro tenha vindo deste lugar. Sempre é de um projeto social.

Comecei minha história fazendo o filme “Cidade de Deus”. O diretor, Fernando Meirelles sempre muito preocupado com o futuro deste elenco formado por 90% de negros, a maioria não atores, com exceção de mim, que estava começando minha história propiciou nos uma verdadeira escola de cinema.” Shirley acrescenta que sua presença na novela é também um ato político e ressalta suas influências.

“Neste ambiente e com o poder de mando, é um ato político. Não é rotineiro uma mulher negra na TV, com esse perfil. Quando eu era criança, minhas referências eram Glória Maria e Zezé Motta; hoje isso é mais amplo. Ainda quero, um dia, não precisar mais ter de salientar que sou ‘uma mulher negra’, mas ‘uma mulher’. Fazer uma
personagem desta em uma novela contribui para que isso aconteça. Sempre penso que aquela menina pretinha de comunidade vai me ver e pensar que existe uma possibilidade de crescer porque eu estou aqui. Quero abrir este portal dentro do peito das meninas negras.”

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