Pesquisa mostra que 90% dos negros na Alemanha são desacreditados ao relatar racismo
Estudo reuniu experiência de negros com racismo no país
Com informações de Volker Witting – Deutsche Welle – Na última terça-feira (30), um relatório realizado na Alemanha com 6 mil pessoas negras mostrou as experiências recorrentes de racismo e discriminação sofridas por elas no país. A pesquisa foi realizada por um projeto conjunto da Each One Teach One e da Citizens for Europe, organizações da sociedade civil que atuam na defesa da diversidade e democracia.
No estudo, chamado de Afrocenso, os pesquisadores entenderam que o racismo contra pessoas negras na Alemanha opera a partir de três mecanismos.
Exotismo: 90% das pessoas que responderam a pesquisa disseram que seus cabelos foram tocados sem autorização e quase 80% afirmam terem recebidos comentários sexualizados relacionados à sua aparência ou origem em aplicativos de relacionamento.
Criminalização: cerca de 56% dos entrevistados afirmam já terem sido questionados se vendiam drogas. Um número semelhante de respondentes também contou que já foi parado pela polícia sem motivo aparente. 67,6% dos entrevistados acreditam que são avaliados de forma menos favorável que seus colegas de escola ou universidade em razão de avaliações racistas.
Desacreditados: quando africanos e negros em diáspora resistem à situações de discriminação, geralmente passam por más experiências ao serem desacreditados quando mencionam os casos de racismos que viveram, mais de 90% dos entrevistados afirmam terem sido desacreditados em seu relato. 75% deles não reportariam racismo e muitos deles são orientados a não fazer tanto alarde.
Informações da associação Opferperspektive mostram que de três a quatro pessoas no país europeu são vítimas de violência da extrema direita diariamente. Cerca de dois terços de todos os ataques têm motivos raciais.
Na Alemanha, pesquisas como o Afrocenso são incomuns. O projeto foi financiado pela agência antidiscriminação do Ministério da Família, Idosos, Mulheres e Juventude da Alemanha. Bernhard Franke, diretor interino da agência, afirma que “os resultados do Afrocenso mostram de forma impressionante as manifestações e os efeitos da discriminação e do racismo contra negros na Alemanha”.