Pior que a truculência no voo da Gol, foi a nota da empresa defendo a ação

Tenho como regra quando me deparo diante de fatos grande repercussão midiática não me manifestar imediatamente para não ser contaminado pelo calor das discussões, mas esse caso ocorrido com a professora de inglês, Samantha Vitena (professora de inglês, pesquisadora e claro, mulher negra), que foi expulsa de um voo da empresa “Gol Linhas Aéreas”, na última sexta feira, (28/04) é estarrecedor. Na verdade foi um festival de cinismo, arrogância, falta de respeito e discriminação. Tudo junto e misturado. 

O fato sabido por todos é que Samantha além de ser deliberadamente ignorada pelos comissários de bordo na busca por um lugar para colocar sua bagagem, foi abordada de forma truculenta por policiais e expulsa do avião que a levaria de Salvador a São Paulo, por determinação do Comandante da aeronave que acionou três agentes da Polícia Federal, para o cumprimento da sua ordem. A razão: Samantha estaria pondo a segurança do voo em risco. Um caso explicito de discriminação racial, misoginia e ausência de profissionalismo, ao vivo e a cores, num país onde o racismo está cada vez mais explicito e sendo exercido sem nenhum pudor. 

Mas, a Nota Oficial que a Gol publicou tentando explicar o inexplicável é de um absurdo tamanho que chega a ser acintosa. Acintosa e desrespeitosa. E não apenas com a passageira Samantha, mas com todos os seus clientes e isso merece uma ação enérgica das autoridades competentes. Sem qualquer parcimônia a empresa afirmou: “Lamentamos os transtornos causados aos clientes, mas reforçamos que, por medidas de Segurança, nosso valor número 1, as acomodações das bagagens devem seguir as regras e procedimentos estabelecidos, sem exceções”. Ou seja, a prioridade número 1 da Gol Linhas Aéreas não são os passageiros, que compram e pagam caro pelos seus serviços, mas sim, suas bagagens. 

Não acreditei no que estava lendo. A Nota era de uma arrogância monumental e revelava o grau de desumanização pela qual está passando o setor de transporte aéreo em nosso país. Não basta que estas empresas atrasem seus voos (regularmente), que tenham reduzido o espaço entre os assentos (causando desconforto), que tenham praticamente eliminado o lanche e que cobrem verdadeiras fortunas pelas passagens aéreas no Brasil, pois pelo visto, o que importa mesmo são as bagagens. 

É o neoliberalismo em estado concentrado, selvagem e em dose cavalar. Pior ainda, fizeram uso da força policial do estado para praticarem vários crimes: racismo, calúnia e difamação, contra uma mulher negra. Qual o crime que ela havia cometido? Quem viu o vídeo sabe que ela estava apenas exercendo o seu direito de cidadã. Em nenhum momento ela pôs em risco a segurança do voo, pelo contrário agiu com segurança e elegância.  Quem mentiu e agiu de forma criminosa foi o Comandante e ainda se escondeu covardemente. 

Portanto, a ação das autoridades governamentais, em particular a ANAC (Agência Nacional de Aviação Civil), nesse episódio, precisa ser exemplar. Todos que expuseram, difamaram e desrespeitaram a Professora Samantha Vitena precisam ser punidos, além do que, a empresa aérea precisa ser obrigada a alterar os seus protocolos de segurança, pois o valor número um de qualquer empresa, governo ou sociedade, deve o ser humano. 

Toca a zabumba que a terra é nossa!

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