Por que o sucesso parece inatingível para as pessoas negras
O conceito de sucesso é bastante subjetivo e, em cada sociedade, assume um lugar diferente. Na comunidade ocidental, capitalista e midiática em que vivemos aqui no Brasil, por vezes, pode ser compreendido como um estado de espírito ou felicidade, observado ao se alcançar objetivos, metas, 15 minutos de fama ou um “lugar ao sol”. Às vezes, até o fator sorte é colocado no conjunto de elementos capazes de tornar uma pessoa bem-sucedida, o que para mim soa antagônico, mas não estranho.
Para ser simplista, bastaria um conjunto de objetivos, muito trabalho, empenho (mérito) e um pouco de sorte, para que qualquer pessoa pudesse se considerar bem-sucedida. Se assim for, posso me enxergar como uma pessoa bem-sucedida, ainda que muita gente, a partir do número de seguidores que tenho no Instagram, possa me classificar como uma perdedora.
As narrativas construídas pela indústria midiática, por vezes, reforçam, a cada dia, essa tese reducionista e, na minha convicção equivocada, de que o sucesso pode ser generalizado para fama, riqueza e/ou popularidade e que qualquer pessoa, em qualquer condição, se for merecedora, poderá alcançá-lo.
E, por incrível que pareça, o racismo corrobora para esse pensamento, na medida em que, de tempos em tempos, permite que algumas pessoas negras sejam elevadas ao êxito, que transitem com mais facilidade por alguns caminhos e espirais de maneira que possam atingir a glória e assim questionar a existência do racismo.